segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

PREÇO DA ALIANÇA COM O SINDICATO DE LADRÔES FOI O ASSALTO AO ESTADO


A cada dia que passa, fica claro o preço que a presidente deposta Dilma Rousseff teve que 
pagar para garantir a governabilidade, antes do golpe parlamentar que a derrubou; para 
conseguir os votos do PMDB no Congresso, Dilma teve que engolir Geddel Vieira Lima numa 
vice-presidência da Caixa Econômica Federal e aliados de Eduardo Cunha em postos chave da 
administração federal – todos, é claro, indicados pelo então vice-presidente Michel Temer; 
agora que se sabe a finalidade dessas indicações, quem foi às ruas contra a corrupção se dá 
conta de que a presidente honesta foi derrubada para que o PMDB, que vendia seu apoio no 
Congresso, pudesse governar sem intermediários.

247 – A Operação Cui Bono, deflagrada na sexta-feira pela Polícia Federal, foi pedagógica. Revelou 
que Geddel Vieira Lima, indicado por Michel Temer para uma vice-presidência da Caixa Econômica 
Federal, estava lá com uma finalidade específica: garantir recursos para o PMDB e políticos aliados 
por meio de propinas cobradas de grandes empresários. Tudo isso em parceria com Eduardo Cunha, 
outro grande parceiro de Temer.
No modelo político brasileiro, do chamado presidencialismo de coalizão, Dilma se elegeu duas vezes 
presidente da República, mas sempre em minoria no Congresso. A aliança com o PMDB, em tese, 
deveria dar equilíbrio aos governos do PT.
No entanto, mesmo tendo Michel Temer como vice, a relação PT-PMDB sempre foi tensa. Políticos 
como Geddel e Cunha, além de Eliseu Padilha e Moreira Franco, outros expoentes do quarteto ligado 
a Temer, sempre cobravam mais espaços no governo.
Como Dilma conhecia as intenções desse quarteto, ela fazia o máximo possível para conter o 
estrago. Por isso mesmo, frequentemente, era acusada de inabilidade política. No glossário 
peemedebista, ser inábil politicamente significa não entregar a mercadoria.
Dilma engoliu essa turma enquanto pôde. No entanto, quando Cunha se elegeu presidente da 
Câmara, provavelmente financiando uma penca de deputados, como revelam as mensagens trocadas 
com o Pastor Everaldo (leia aqui), o preço se tornou alto demais. Se antes era necessário entregar 
apenas os anéis, agora era hora de dar os dedos, as mãos, os braços e os colares.
Como Dilma não cedeu, perdeu o pescoço. Curiosamente, no entanto, os brasileiros que foram às 
ruas contra a corrupção contribuíram para a deposição de Dilma e para instalar no poder justamente 
os maiores especialistas em mercantilização da política. A presidente honesta foi derrubada para que 
o PMDB, que vendia seu apoio no Congresso, pudesse governar sem intermediários.
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