quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

TEMER...SORVETES E BRIOCHES....



POR FERNANDO BRITO 

Como este blog não é primário ao ponto de achar que 500 potes de sorvete resolveriam a crise 
econômica do país, deste ridículo episódio da compra da despensa do avião presidencial o essencial 
são os efeitos que produz na opinião pública e aquilo que revelam do comportamento do nosso – a 
contragosto e com uso muito licencioso da palavra – governante.
Significa a incapacidade de compreender que, nos momentos de crise, governantes e agentes 
políticos incapazes de compreender e até sentir as agruras em que vive a população estão sujeitos a 
provocar, com pequenos atos e declarações, um sentimento de ódio que disso jamais viria se
vivêssemos situações minimamente equilibradas.
É o efeito “Maria Antonieta” ao perguntar porque os pobres, se não tinham pão, não comiam 
brioches.

lanchinho.jpg
Temer superfatura até o lanchinho.... Ainda tinha presunto parma, queijo brie, brioche e 
sanduíche Beirute e de mortadela...

O episódio, em matéria de gravidade, é infinitamente menor perto de crueldades como a PEC da 
Morte, mas tem um fator de multiplicação muito mais concentrado que aquela, porque vira assunto 
de botequim, indefensável, capaz de colocar no ridículo – ou no silêncio – a já minúscula porção da 
sociedade que apoia Michel Temer.
Mais um produto da insensibilidade que transbordou de sua fala natalina, que só não resultou pior 
porque pouca gente viu, em meio às festas.
No sorvete e no discurso, Temer comete o erro a que sua frieza o induz, o de não partir do princípio 
que, para ter credibilidade, primeiro é preciso reconhecer que o país está em uma crise profunda e os 
espasmos desta situação se evidenciam por toda parte.
E como isso, que é evidente, não aparece nas palavras e gestos do ocupante do Palácio do Planalto 
acentua-se em tudo o que sorvetes e brioches representam: a indiferença e até a cínica crueldade com 
seu povo.
Temer escorrega rapidamente do terreno do desprezo para o do ódio popular. E na sua mente servil, 
amaciada pelos faustos palacianos, só enxerga como remédio para isso ser ainda mais cruel.
Despreza, assim a lição de Maquiavel, que sustenta que “um príncipe deve estimar os grandes, mas 
não se fazer odiado pelo povo.

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