quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Síria anuncia cessar-fogo a partir de meia-noite; Putin diz que reduzirá presença militar russa em território sírio

Distrito de Salah Eddin na cidade de Aleppo, Síria 

Medida tem como objetivo 'preparar uma situação adequada para apoiar uma solução política à crise na Síria'; países vizinhos e ONU serão convidados a fazer parte de acordo de paz 

O Comando Geral do Exército e as Forças Armadas da Síria anunciaram nesta quinta-feira (29/12) um cessar-fogo em todo o território nacional a partir da meia-noite (hora local; 19h em Brasília), informou a agência oficial Sana.O cessar-fogo exclui as duas organizações consideradas terroristas EI (Estado Islâmico) e Frente da Conquista do Levante (antiga Frente al Nusra, braço sírio da Al Qaeda) e os grupos vinculados a eles, segundo a nota.
O comunicado, que se refere à Frente da Conquista do Levante com o antigo nome "Frente al Nusra", explicou que esse grupo, que luta ao lado dos rebeldes em várias frentes, foi excluído das negociações por ser "terrorista".
O acordo tem como objetivo "preparar uma situação adequada para apoiar uma solução política à crise na Síria", segundo o Comando, que destacou as "vitórias" conquistadas recentemente pelas forças dirigidas pelo presidente Bashar al Assad.
"Durante os últimos dois meses mantivemos negociações com os líderes da oposição síria moderada com mediação turca. Esses grupos controlam grande parte das regiões centrais da Síria que não estão subordinadas a Damasco", explicou o ministro da Defesa Sergei Shoigu, que calculou o número de soldados desses grupos opositores em "mais de 60 mil".
A trégua foi anunciada pelo presidente russo, Vladimir Putin, que é o principal aliado de Damasco, e pelo governo turco, que apoia os insurgentes. Putin afirmou que ambas as partes se comprometem a "iniciar negociações de paz para a regulação" do conflito sírio.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, garantiu que Arábia Saudita, Catar, Egito, Jordânia e Iraque serão convidados a fazer parte do acordo de paz na Síria. "E, com certeza, convidamos os representantes da ONU. Isso permitirá garantir a continuidade do processo político levando em conta os marcos estabelecidos na resolução 2254 aprovada pelo Conselho de Segurança", disse.
Lavrov adiantou que os documentos pactuados por Damasco e pela oposição síria serão apresentados diante do Conselho de Segurança. Sobre os EUA, o ministro russo disse acreditar que "quando o governo de Donald Trump assumir suas funções, também se somará a estes esforços para trabalhar de maneira coletiva e amistosa".
Além disso, Lavrov destacou que, uma vez estipulado o cessar-fogo, Rússia e Turquia prepararão a reunião em Astana, capital da Cazaquistão, para impulsionar o processo de paz sírio.
Redução de tropas russas na SíriaPutin anunciou também nesta quinta-feira a redução de tropas russas no território sírio, onde os aviões russos estão desde setembro de 2015 e cuja grande parte já havia sido retirada em fevereiro. Em reunião com os ministros das Relações Exteriores e Defesa, Putin afirmou que os acordos alcançados são “frágeis” e “exigem uma atenção especial e vigilância”.
“Estou de acordo com a proposta de Defesa sobre a redução de nossa presença militar na Síria, levando em conta que, certamente, continuaremos a luta contra o terrorismo internacional", afirmou. O governante russo acrescentou que a Rússia "também seguirá apoiando o legítimo governo sírio em sua luta contra o terrorismo".
O chefe do Kremlin destacou que a Rússia esperava há "muito tempo" esse acordo entre Damasco e a oposição síria e que tinha trabalhado muito para isso junto com a Turquia e outros parceiros regionais. Putin lembrou que, recentemente, Rússia, Turquia e Irã se comprometeram em Moscou a exercer o papel de "fiadores" do cumprimento dos acordos de paz na Síria.
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