sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

“NUNCA ESQUECI DO OLHAR DO EMBAIXADOR GREGO PARA SUA MULHER”

 
Françoise, mulher do embaixador grego, chega para depor (foto: Fabiano Rocha)

Publicado no blog de Hildegard Angel.

O diplomata grego Kyriakos Amiridis é um amigo de muitos anos. Meu e de um grande círculo social carioca. Agradável, sociável e extremamente simpático, enquanto serviu como cônsul-geral no Rio de Janeiro, nos primeiros anos de 2000, foi praticamente um bachelor oficial dos elegantes jantares de lugares marcados de Angélique Chartouny, Beth e Carlos Alberto Serpa.
Seu smoking frequentou todos os bons salões cariocas, do Cosme Velho, de Lily Marinho, ao edifício Golden Gate, de Idinha Seabra Veiga. Ele praticamente testemunhou, como um dos protagonistas, o “canto do cisne” da alta vida social do Rio de Janeiro, quando esta colunista ainda noticiava anfitriões que recebiam para jantares black-tie à francesa e marcavam lugares à mesa. Hoje, raridade.
Kyriakos circulava socialmente sempre sozinho ou acompanhado de senhoras e jovens senhoras da sociedade carioca, pois todos o julgavam solteiro. Até que, praticamente às vésperas de sua remoção do Rio de Janeiro para outro cargo, sua casa na Barra da Tijuca foi invadida por um assaltante, ex-funcionário do condomínio, que foi preso. A mídia noticiou e ficamos sabendo que Kyriakos era casado e sua mulher se chamava Françoise.
O estimadíssimo Kyriakos era moldado para a carrière, um multiplicador e “estreitador” de laços. Nos anos em que esteve ausente do Brasil, manteve contato com os amigos que fez no Rio de Janeiro. Até que em 8 de janeiro passado, recebi de Atenas esta mensagem formal abaixo do diplomata:

“Prezada Senhora Hilde,

Em primeiro lugar, espero que este meu e-mail vos encontre bem, com saude e que tudo esteja indo conforme desejais em vossa vida.
Venho por meio desta me comunicar com V.Sa para levar ao vosso conhecimento que em meados de Janeiro de 2016, estarei assumindo o cargo de Embaixador da Grecia no Brasil.
Creio que vos compreendeis a satisfacao e a alegria que me proporciona o fato de retornar, em novo cargo, num pais, com o qual me unem lindas memorias como tambem fortes amizades com pessoas especiais como V.Sa.
Espero que terei a oportunidade de vos encontrar logo novamente.

Atenciosamente,
Kyriakos Amiridis”
Em seguida, enviei a resposta:

“Caro Kyriakos

Seus amigos do Rio de Janeiro, entre os quais Francis e eu nos incluímos, estamos muito contentes com seu retorno ao Brasil como embaixador.
Hoje, a Andrea Natal, diretora geral do Copacabana Palace, pediu-me seu email, pois quer convidá-lo para o Baile do Copa, em que a Grécia será a grande homenageada, por ocasião deste nosso Ano Olímpico.
Envio-lhe o link do post que veiculei em meu blog.
“Ex-cônsul grego Kiriakos Amiridis de volta, agora como embaixador em Brasília” http://ln.is/com.br/rTYGh

Abraços e com os votos de uma boa viagem
Hildegard”

A troca de correspondências via email prosseguiu. Vejam abaixo:

“Estimada Hilde,

Agradeço muitíssimo pela sua calorosa mensagem de boas-vindas!
Cheguei em Brasília e já assumi minhas funções na sexta-feira, 15 de janeiro, quando encontrei o Secretário-Geral das Relações Exteriores no Itamaraty, Embaixador Sérgio Danese, a quem apresentei as cópias das minhas credenciais como Embaixador da Grécia no Brasil!
Estou animado com a possibilidade de encontrar voce e Francis quando estiver no Rio de Janeiro e os avisarei antecipadamente, antes da minha chegada na nossa cidade maravilhosa!
Meu número de celular é (61) XXXX XXXX
Com os melhores cumprimentos,

Kyriakos Amiridis

P.S.  Agradeço imensamente pela referência que fez sobre mim em sua coluna social.”

Minha resposta:


“Caro e prezado amigo Kyriakos

Francis e eu estamos muito contentes com sua presença em nosso Brasil.
Não vemos a hora de revê-lo.
Pergunto: o Copacabana Palace (Andrea Natal) conseguiu lhe falar? Caso tenha havido algum desencontro, eu gostaria de convidá-lo para meu camarote no Baile do dia 6, que homenageia a Grécia. O “Olympia Ball”, abrindo os festejos olímpicos. O embaixador da Grécia é presença fundamental.

Abraços
Hildegard”


Réplica dele:
“Cara Hilde,

Mais uma vez agradeço pela sua gentileza em ter-nos indicado para receber tão honroso convite da Sra. Andrea Natal e, ainda, de convidar-nos para o seu Camarote. Já tivemos sim o contato com os organizadores do Baile e os convites para mim e a Françoise já estão à nossa disposição no Copacabana Palace.
Ainda não sei qual o local que ficaremos no evento, mas caso tenhamos a possibilidade de estarmos juntos no mesmo Camarote, será um grande prazer para nós.

Abraços,
Kyriakos”


Meu retorno:

“Prezado Kyriakos

Certamente teremos a oportunidade de nos ver no baile. Nossos camarotes são lado a lado. Será um grande prazer estar com você e Françoise. Fico contente em saber que o contato foi feito, e o local mais adequado para o Embaixador do país homenageado certamente é o do anfitrião da festa: a direção do hotel, a querida Andréa Natal.
Abraços e nos vemos na grande celebração à Grécia,

Hildegard”


Na ocasião, no animado e lindo baile grego do Copa, conheci Françoise, a mulher de Kyriakos. Percebi que não tinha o traquejo e a postura usuais em mulheres de diplomatas ou habituadas ao convívio social. Mas foi simpática. Quando ele fez a apresentação, houve um diálogo mais ou menos assim:

“Hildegard, esta é minha mulher, Françoise. Você sabia que eu era casado?”.

“Sim, eu soube pela mídia, quando houve aquele assalto à sua casa na Barra da Tijuca, e a presença da consulesa foi mencionada”.

Neste instante, Kyriakos lançou um olhar cheio de significado para a mulher. Fiquei imaginando o que ele estaria querendo dizer através daquele olhar. Não sou de registrar olhares ocorridos, sobretudo em grandes bailes de carnaval, e sequer de me lembrar deles. O olhar de Kyriakos, não esqueci. Havia algo sério por trás daquele.


Exibindo as máscaras de Maria Callas, homenageada em nosso camarote no Olympia Magic Ball, do Copacabana Palace, esta colunista e a embaixatriz da Grécia, Françoise Amiridis, indiciada como suspeita no assassinato do marido, o tão estimado da sociedade carioca, e agora também do mundo social e diplomático de Brasília, embaixador Kyriakos Amiridis. Foi a última vez em que Francis e eu o vimos, esperávamos revê-lo neste verão carioca.
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