quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

LULA SOBRE NOVA DENÚNCIA: O IDIOTA DO POWERPOINT CONTRA-ATACA



POR FERNANDO BRITO  

A tal “Força Tarefa” – não sei porque estas expressões militares sempre me fazem lembrar a famosa “Quarta Frota” – soltou uma nota explicando, na sua ótica, as razões de terem denunciado mais uma vez o ex-presidente Lula. Em matéria de fatos, não há novidade, é a mesma história do prédio de iria ser – e nunca foi – o Instituto Lula e o relevantíssimo aluguel de um apartamento ao lado daquele em que ele mora, na estonteante Saint Bernard du Champs.
Mas há um trecho final (está aqui, no finalzinho da matéria do UOL) que seria de matar de rir, não fosse a situação das ameaças à liberdade ao Direito no Brasil algo que está dando vontade de chorar.
“Esta denúncia reafirma o compromisso do Ministério Público Federal com o cumprimento de suas atribuições constitucionais e legais, independentemente das tentativas de intimidação dos acusados e de seus defensores, dos abusos do direito de defesa em desrespeito ao Poder Judiciário e do abuso do poder de legislar utilizado em franca vingança contra as Instituições.”
Então o Lula e seus advogados estão ameaçando ou intimidando os procuradores e o Juiz Moro?
Estão levando-os a algum lugar em condução coercitiva?
Gravaram seus telefonemas, inclusive os de natureza pessoal, para ver se o Dr. Moro, na intimidade, fala um ou outro palavrão, para exibir isso na Globo?
Estão entrando nas suas casas, revirando seus armários e apreendendo qualquer badulaque que possa ser exibido em triunfo, um pedalinho, um bote de lata, uma camisa do Corinthians?
Os advogados ou Lula, por acaso, estão fuçando as contas bancárias, registros, papeladas dos procuradores e do juiz?
Mas o trecho pior é o final, onde se fala do “abuso do poder de legislar utilizado em franca vingança contra as Instituições”.
Vejam como tudo é torcido: leis contra abuso de poder viram “abuso do poder de legislar”.
Torcendo as coisas assim, imagine o que não fazem nos inquéritos?
Mas, mesmo sem isso, é de perguntar: Lula e seus advogados estão legislando, e com abuso aonde?
Não, quem está fazendo política é a “Força Tarefa” quando assume que a denúncia “reafirma o compromisso” com as posições que está, ela sim, tentando fazerem virar leis. Assume a ligação entre sua ação funcional e seus interesses políticos.
Aliás, estava e agora está de novo, depois de o ministro Luiz Fux ter tomado – diz isso é o insuspeito Gilmar Mendes – alguma coisa que puseram na água.
Como não creio que os rapazes da “Força Tarefa” estejam bebendo água “batizada”, o que lhes sai dos lábios e das penas é outro líquido: é peçonha.
Só não sei se funciona com jararaca.

Equipe de Lula diz que "os procuradores do Ministério Público do Paraná, chefiados por 
Deltan Dallagnol, tinham que inventar uma nova história na sua busca obsessiva de tentar 
retratar o ex-presidente como responsável pelos desvios na Petrobras" depois que mais de 20 
testemunhas inocentaram Lula e Marisa Letícia no caso do triplex do Guarujá; agora "entra a 
acusação de um apartamento que também não é de Lula, pelo qual sua família paga aluguel 
pelo uso, e um terreno que não é, nem nunca foi, do Instituto Lula, onde aliás o atual 
proprietário hoje constrói uma revendedora de automóveis"; Lula vê "vingança" contra seus 
advogados e diz que "a denúncia repete maluquices da coletiva do Power Point"

Artigo do site do Presidente Lula:

Depois de mais de 20 depoimentos de testemunhas arroladas pelo próprio Ministério Público enterrarem a farsa de que Lula seria proprietário de um apartamento tríplex no Guarujá, com as testemunhas comprovando que a família do ex-presidente jamais teve as chaves ou usou o apartamento, sendo apenas "potenciais compradores" do imóvel, os procuradores do Ministério Público do Paraná, chefiados por Deltan Dallagnol, tinham que inventar uma nova história na sua busca obsessiva de tentar retratar o ex-presidente como responsável pelos desvios na Petrobras.
Após um apartamento que nunca foi de Lula no Guarujá, entra a acusação de um apartamento que também não é de Lula, pelo qual sua família paga aluguel pelo uso, e um terreno que não é, nem nunca foi, do Instituto Lula, onde aliás o atual proprietário hoje constrói uma revendedora de automóveis.
Em release, a Lava Jato admite que a denúncia seria uma "reafirmação" da Operação, uma vingança contra a atuação dos advogados de Lula, descrita como "abuso do direito de defesa" e iniciativas legislativas no Congresso com as quais o ex-presidente não tem qualquer relação, não sendo nem deputado, nem senador. Os procuradores da República revelam que são contra a punição do abuso de autoridade e até mesmo do exercício do direito de defesa. Usam de suas atribuições legais como forma de vingança contra aqueles que se insurgem contra ilegalidades praticadas na Operação Lava Jato.
A denúncia repete maluquices da coletiva do Power Point; atropela a competência do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria-Geral da República ao fazer conclusões precipitadas sobre inquérito inconcluso na PGR; quer reescrever a história do País para dizer que todos os males seriam culpa de Lula; tenta atribuir responsabilidade penal objetiva, coisa completamente fora do Código Penal Brasileiro; contradiz depoimento como testemunhas (com a obrigação de dizer a verdade) de delatores ouvidos pela própria Lava Jato como Paulo Roberto da Costa, Nestor Cerveró e Pedro Barusco, que disseram em depoimentos ao juiz Sérgio Moro jamais terem tratado ou tido conhecimento de qualquer irregularidade ou desvio envolvendo o ex-presidente Lula. Usam delações não homologadas e rejeitadas pelo Supremo Tribunal Federal, como a do deputado Pedro Paulo Corrêa, em um festival de ilegalidades, arbitrariedades e inconformismo diante da realidade: mesmo com uma devassa completa na vida de Lula, não encontraram nenhum desvio de conduta do ex-presidente.
Os procuradores da Lava Jato não se conformam com o fato de Lula ter sido presidente da República. Para a Lava Jato, esse é o crime de Lula: ter sido presidente duas vezes. Temem que em 2018 Lula reincida nessa ousadia.

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