quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

APÓS RECUAR COM OS SORVETES, TRAÍRA RESOLVE GASTAR 10 VEZES MAIS EM CAMPANHA PUBLICITÁRIA, JÁ MENTINDO DESCARADAMENTE SOBRE SEU TEMPO NO PODER


Anúncios publicados nos jornais nesta quinta-feira trazem mais uma mentira contada pelo 
Palácio do Planalto: a de que Michel Temer está há 120 dias no poder "com coragem para 
fazer as reformas que o Brasil precisa"; Temer, na verdade, tomou posse no dia 13 de maio, há 
exatos 230 dias, e tenta reduzir seu tempo real no comando para esticar o discurso da "herança 
maldita", que é, a cada dia, menos convincente, uma vez que seu governo aprofundou a 
recessão, estourou as contas públicas, reduziu a confiança e provocou uma onda inédita de 
desemprego no País.

POR FERNANDO BRITO 

O gasto de milhão e meio de reais da licitação da despensa do avião presidencial é nada perto do 
gasto feito hoje pelo Governo Michel Temer com a página inteira que veicula nos grandes jornais do 
Brasil.
Numa avaliação bem modesta, é coisa de 10 vezes mais, a depender de quantos jornais possam ter 
recebido o mimo, e supondo que metade da verba tenha ido para a trinca Folha-Estadão-O Globo, 
ficando o resto para ser rateado (!!) pelo restante do cardume ávido.
É possível que as revistas ganhem também, cada uma, um par de páginas, para ampliar ainda mais 
aquela multiplicação em 900% que se lhes fez das verbas publicitárias desde a chegada de Temer ao 
Planalto, mas isso não entrou na conta, pelo saudável hábito de não afirmar que vá acontecer o que – 
ainda – não aconteceu.
A ver se a valorosa reportagem dos jornais, neste vazio de noticiário, se darão ao trabalho de medir 
estes gastos, como fazem com a gasolina do carro de Lula.
A marotagem da peça começa no título. Temer faz “apenas” 120 dias de Governo, embora o 
usurpador esteja no poder há 200, desde que afastaram Dilma. E, neste período de formal 
interinidade, em nada se acanhou de fazer e desfazer, como ficou claro ao mandar ao Congresso uma 
emenda garroteando as verbas de Saúde, Educação e Assistência Social por nada menos que 20 anos, 
cinco mandatos presidenciais.
O anúncio é, como se dizia antigamente, “all type”. Não tem imagem. E não tem porque não há 
obras ou realizações que possa mostrar ao distinto público.
Uma mísera ponte – que não seja para o futuro, mas uma pinguela sobre um riacho que interrompa o 
caminho em alguma zona interiorana, nada.
As “obras” que caudalosamente lista vão de intenções a leis que já vigiam há anos, como as da 
licença dada aos pais adotantes em paridade aos pais biológicos, sancionada em 2013 por Dilma 
Rousseff. Valeu-se, o generoso senhor, de algumas modificações aprovadas pelo Congresso, para 
também ele “adotar” a conquista como sua.
Uma virtude é possível, porém, apontar na peça publicitária – algo exagerado chamá-la assim, mas 
vá lá.


É a cara do dono.
Maçante, aborrecida, falsa, dissimulada, abstrata, vaidosa e, como já se apontou aqui, incapaz 
daquele mínimo que se esperaria de quem for falar do momento que vive o Brasil para que possa ter 
credibilidade: reconhecer que vivemos uma crise.
A falta disso, qualquer discurso, político ou publicitário está carimbado de falso e rescendendo a 
mentira aos olhos de quem o vê.
Mas não vem ao caso, nem é obter credibilidade o objetivo do anúncio.
É só um Haagen Dazs para a mídia, que precisa de um refresco no bolso neste calorão da crise.
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