Anúncios publicados nos jornais nesta quinta-feira trazem mais uma mentira contada pelo
Palácio do Planalto: a de que Michel Temer está há 120 dias no poder "com coragem para
fazer as reformas que o Brasil precisa"; Temer, na verdade, tomou posse no dia 13 de maio, há
exatos 230 dias, e tenta reduzir seu tempo real no comando para esticar o discurso da "herança
maldita", que é, a cada dia, menos convincente, uma vez que seu governo aprofundou a
recessão, estourou as contas públicas, reduziu a confiança e provocou uma onda inédita de
desemprego no País.
POR FERNANDO BRITO
O gasto de milhão e meio de reais da licitação da despensa do avião presidencial é nada perto do
gasto feito hoje pelo Governo Michel Temer com a página inteira que veicula nos grandes jornais do
Brasil.
Numa avaliação bem modesta, é coisa de 10 vezes mais, a depender de quantos jornais possam ter
Numa avaliação bem modesta, é coisa de 10 vezes mais, a depender de quantos jornais possam ter
recebido o mimo, e supondo que metade da verba tenha ido para a trinca Folha-Estadão-O Globo,
ficando o resto para ser rateado (!!) pelo restante do cardume ávido.
É possível que as revistas ganhem também, cada uma, um par de páginas, para ampliar ainda mais
É possível que as revistas ganhem também, cada uma, um par de páginas, para ampliar ainda mais
aquela multiplicação em 900% que se lhes fez das verbas publicitárias desde a chegada de Temer ao
Planalto, mas isso não entrou na conta, pelo saudável hábito de não afirmar que vá acontecer o que –
ainda – não aconteceu.
A ver se a valorosa reportagem dos jornais, neste vazio de noticiário, se darão ao trabalho de medir
A ver se a valorosa reportagem dos jornais, neste vazio de noticiário, se darão ao trabalho de medir
estes gastos, como fazem com a gasolina do carro de Lula.
A marotagem da peça começa no título. Temer faz “apenas” 120 dias de Governo, embora o
A marotagem da peça começa no título. Temer faz “apenas” 120 dias de Governo, embora o
usurpador esteja no poder há 200, desde que afastaram Dilma. E, neste período de formal
interinidade, em nada se acanhou de fazer e desfazer, como ficou claro ao mandar ao Congresso uma
emenda garroteando as verbas de Saúde, Educação e Assistência Social por nada menos que 20 anos,
cinco mandatos presidenciais.
O anúncio é, como se dizia antigamente, “all type”. Não tem imagem. E não tem porque não há
O anúncio é, como se dizia antigamente, “all type”. Não tem imagem. E não tem porque não há
obras ou realizações que possa mostrar ao distinto público.
Uma mísera ponte – que não seja para o futuro, mas uma pinguela sobre um riacho que interrompa o
caminho em alguma zona interiorana, nada.
As “obras” que caudalosamente lista vão de intenções a leis que já vigiam há anos, como as da
As “obras” que caudalosamente lista vão de intenções a leis que já vigiam há anos, como as da
licença dada aos pais adotantes em paridade aos pais biológicos, sancionada em 2013 por Dilma
Rousseff. Valeu-se, o generoso senhor, de algumas modificações aprovadas pelo Congresso, para
também ele “adotar” a conquista como sua.
Uma virtude é possível, porém, apontar na peça publicitária – algo exagerado chamá-la assim, mas
Uma virtude é possível, porém, apontar na peça publicitária – algo exagerado chamá-la assim, mas
vá lá.
É a cara do dono.
Maçante, aborrecida, falsa, dissimulada, abstrata, vaidosa e, como já se apontou aqui, incapaz
daquele mínimo que se esperaria de quem for falar do momento que vive o Brasil para que possa ter
credibilidade: reconhecer que vivemos uma crise.
A falta disso, qualquer discurso, político ou publicitário está carimbado de falso e rescendendo a
A falta disso, qualquer discurso, político ou publicitário está carimbado de falso e rescendendo a
mentira aos olhos de quem o vê.
Mas não vem ao caso, nem é obter credibilidade o objetivo do anúncio.
É só um Haagen Dazs para a mídia, que precisa de um refresco no bolso neste calorão da crise.
Mas não vem ao caso, nem é obter credibilidade o objetivo do anúncio.
É só um Haagen Dazs para a mídia, que precisa de um refresco no bolso neste calorão da crise.
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