Jornal GGN - Rodrigo Janete, procurador-geral da República, informou ao Supremo Tribunal Federal que ele é suspeito para processar o senador Eunício Oliveira (PMDB), da base do governo Michel Temer, investigado na Lava Jato.
Janot lançou mão de um recurso disponível para o Judiciário, que é declarar suspeição por "motivo de foro íntimo", sem a obrigatoriedade de explicar à sociedade a razão que o levou a tomar essa decisão pelo afastamento.
“Afirmo a suspeição por motivo de foro íntimo quanto à investigação do ilustríssimo senador Eunicio de Oliveira. Quanto aos demais, não há impedimento de ordem objetiva ou subjetiva na condição dos feitos”, escreveu Janot.
Ao publicar a notícia, o portal Jota salientou que o Código de Processo Civil cita como um dos motivos de suspeição relação de amizade íntima entre a parte que investiga e a parte investigada.
De acordo com o portal, o afastamento de Janot está ligado ao caso sustentado pela delação premiada do ex-diretor da Hypermarcas, Nelson Mello, que afirmou ter pago, por meio de contratos fictícios, R$ 5 milhões em caixa dois para a campanha de Eunício ao governo do Ceará, em 2014. O pagamento teria ocorrido a pedido do lobista Milton Lyra, que seria ligado à cúpula do PMDB no Senado.
O delator informou à força-tarefa que um emissário de Eunício o procuraria em 2014 e então um sobrinho do senador, de nome Ricardo, pediria ajuda financeira à candidatura. Quem fez a ponte entre Nelson Mello e o senador foi o lobista. "O sobrinho teria acertado a negociação, sendo que foram fechados três contratos de fachada", acrescentou o Jota.
Com a suspeição de Janot, quem assume a investigação é o vice-procurador-geral da República, José Bonifácio Borges de Andrada. "Ele pediu ao Supremo para analisar em separado as implicações feitas pelo delator sobre peemedebistas. A partir daí, Andrada vai avaliar se há elementos para pedir abertura de inquérito."
A defesa do senador afirma que todas as despesas de campanha foram registradas na Justiça Eleitoral, e alega que Ricardo, o sobrinho que teria negociado os contratos fictícios, nem conhece o lobista Milton Lyra.
Além da cúpula do Senado, incluindo Renan Calheiros, o delator também menciona o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o seu operador Lúcio Funaro, presos na Lava Jato. O vice de Janot pediu que as informações sejam anexadas a um inquérito que já investigava os dois.
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