Em audiência do lobista Milton Pascowitch, juiz federal impede novamente perguntas sobre
acordo de cooperação entre delatores da Lava Jato com Departamento de Justiça dos EUA,
com ajuda informal da força-tarefa
Cíntia Alves
Jornal GGN - O juiz federal Sergio Moro impediu mais uma testemunha do caso triplex de falar
Cíntia Alves
Jornal GGN - O juiz federal Sergio Moro impediu mais uma testemunha do caso triplex de falar
sobre o elo suspeito entre a Lava Jato e os Estados Unidos. Na audiência de Milton Pascowitch, na
semana passada, Moro disse que não iria colocar em risco um eventual acordo de delação do
lobista com autoridades americanas por um "mero capricho" da defesa de Lula.
A frase foi disparada após o advogado Cristiano Zanin Martins fazer uma série de perguntas sobre
A frase foi disparada após o advogado Cristiano Zanin Martins fazer uma série de perguntas sobre
esse possível acordo de cooperação internacional sem que Pascowitch tivesse obrigação de
responder. A defesa de Moro suspeita que a força-tarefa da Lava Jato fez uma ponte informal com
o Departamento de Justiça dos EUA, para exportar delatores sem o devido companhamento do
Ministério da Justiça brasileiro.
Alegando que estava sob o manto de um acordo de confidencialidade, Pascowitch não quis
Alegando que estava sob o manto de um acordo de confidencialidade, Pascowitch não quis
responder as questões de Zanin. O advogado protestou, alegando que a defesa de Lula estava
sendo cerceada. Moro, então, pediu que o advogado explicasse qual a relevância dessas perguntas
sobre os Estados Unidos, feitas a todos os delatores de porte da Lava Jato, para o julgamento do
caso triplex.
Zanin respondeu que só poderia adiantar "um dos aspectos" que tornam as questões relevantes
para a defesa: "Eu queria saber se ele está fazendo colaboração em relação aos fatos tratados nessa
ação."
"E qual a relevância disso?", rebateu Moro, ao que Zanin retrucou: "A relevância, para a defesa,
vai ser exposta no momento adequado."
Moro riu da resposta de Zanin e asseverou que a defesa não tem conseguido defender
"minimamente a pertinência dessas perguntas" e, por isso, elas foram indeferidas. "Não vou
colocar em risco uma eventual trataiva que a testemunha tenha no exterior por um mero capricho
da defesa", disparou Moro.
"Vossa Excelência já usou 'retórica', já usou que 'não tem argumento' e, agora, 'capricho'. Se a
Vossa Excelência vê a defesa dessa forma, eu lamento muito", retribuiu Zanin.
Os advogados de Lula alegam que não são "obrigados a antecipar a estratégia de defesa" quando
Os advogados de Lula alegam que não são "obrigados a antecipar a estratégia de defesa" quando
abordam esse elo suspeito entre a Lava Jato e os Estados Unidos. Mas há a indicação de que a
defesa buscará a nulidade de algumas delações que tenham sido compartilhadas com autoridades
estrangeiras sem obediência às regras.
O DEPOIMENTO
Ao Ministério Público Federal, Milton Pascowitch disse que intermediou o pagamento de propina
O DEPOIMENTO
Ao Ministério Público Federal, Milton Pascowitch disse que intermediou o pagamento de propina
sob contratos da Petrobras com a Engevix. Esses depósitos eram destinados ao "grupo político" de
José Dirceu, responsável pela indicação de Renato Duque para uma diretoria da estatal. Ele cita
especificamente a Pedro Barusco e Fernando Moura como seus interlocutores com Dirceu. João
Vaccari Neto teria recolhido uma parte para o caixa do PT. Entre as obras citadas está a REPAR,
também conhecida como refinaria Getúlio Vargas.
Pascowitch não implicou Lula em seu depoimento e não soube fornecer nenhum dado sobre o
Pascowitch não implicou Lula em seu depoimento e não soube fornecer nenhum dado sobre o
apartamento triplex no Guarujá, que a Lava Jato diz que o ex-presidente recebeu da OAS em troca
de três contratos com a Petrobras.
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