segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Não vou pôr em risco um acordo com os EUA por "capricho da defesa" de Lula, diz Moro


Em audiência do lobista Milton Pascowitch, juiz federal impede novamente perguntas sobre 
acordo de cooperação entre delatores da Lava Jato com Departamento de Justiça dos EUA, 
com ajuda informal da força-tarefa

Cíntia Alves

Jornal GGN - O juiz federal Sergio Moro impediu mais uma testemunha do caso triplex de falar 
sobre o elo suspeito entre a Lava Jato e os Estados Unidos. Na audiência de Milton Pascowitch, na 
semana passada, Moro disse que não iria colocar em risco um eventual acordo de delação do 
lobista com autoridades americanas por um "mero capricho" da defesa de Lula.
A frase foi disparada após o advogado Cristiano Zanin Martins fazer uma série de perguntas sobre 
esse possível acordo de cooperação internacional sem que Pascowitch tivesse obrigação de 
responder. A defesa de Moro suspeita que a força-tarefa da Lava Jato fez uma ponte informal com 
o Departamento de Justiça dos EUA, para exportar delatores sem o devido companhamento do 
Ministério da Justiça brasileiro.
Alegando que estava sob o manto de um acordo de confidencialidade, Pascowitch não quis 
responder as questões de Zanin. O advogado protestou, alegando que a defesa de Lula estava 
sendo cerceada. Moro, então, pediu que o advogado explicasse qual a relevância dessas perguntas 
sobre os Estados Unidos, feitas a todos os delatores de porte da Lava Jato, para o julgamento do 
caso triplex.



Zanin respondeu que só poderia adiantar "um dos aspectos" que tornam as questões relevantes 
para a defesa: "Eu queria saber se ele está fazendo colaboração em relação aos fatos tratados nessa 
ação."
"E qual a relevância disso?", rebateu Moro, ao que Zanin retrucou: "A relevância, para a defesa, 
vai ser exposta no momento adequado."
Moro riu da resposta de Zanin e asseverou que a defesa não tem conseguido defender 
"minimamente a pertinência dessas perguntas" e, por isso, elas foram indeferidas. "Não vou 
colocar em risco uma eventual trataiva que a testemunha tenha no exterior por um mero capricho 
da defesa", disparou Moro.
"Vossa Excelência já usou 'retórica', já usou que 'não tem argumento' e, agora, 'capricho'. Se a 
Vossa Excelência vê a defesa dessa forma, eu lamento muito", retribuiu Zanin.
Os advogados de Lula alegam que não são "obrigados a antecipar a estratégia de defesa" quando 
abordam esse elo suspeito entre a Lava Jato e os Estados Unidos. Mas há a indicação de que a 
defesa buscará a nulidade de algumas delações que tenham sido compartilhadas com autoridades 
estrangeiras sem obediência às regras.
O DEPOIMENTO
Ao Ministério Público Federal, Milton Pascowitch disse que intermediou o pagamento de propina 
sob contratos da Petrobras com a Engevix. Esses depósitos eram destinados ao "grupo político" de 
José Dirceu, responsável pela indicação de Renato Duque para uma diretoria da estatal. Ele cita 
especificamente a Pedro Barusco e Fernando Moura como seus interlocutores com Dirceu. João 
Vaccari Neto teria recolhido uma parte para o caixa do PT. Entre as obras citadas está a REPAR, 
também conhecida como refinaria Getúlio Vargas.
Pascowitch não implicou Lula em seu depoimento e não soube fornecer nenhum dado sobre o 
apartamento triplex no Guarujá, que a Lava Jato diz que o ex-presidente recebeu da OAS em troca 
de três contratos com a Petrobras.
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