terça-feira, 1 de novembro de 2016

NA VENEZUELA GOVERNO E OPOSIÇÂO DECIDEM AGENDA DE DISCUSSÂO EM 1ª RODADA DE DIALOGO


Jesús Torrealba (esq.), líder do bloco MUD, de oposição, cumprimenta Maduro durante 
reunião na Venezuela
Serão criadas quatro mesas de trabalho: respeito de soberania, reparação de vítimas, 
cronograma eleitoral e situação econômica do país

A primeira reunião de diálogo formal entre o governo venezuelano e a oposição terminou na 
madrugada desta segunda-feira (31/10) com a decisão de criar imediatamente quatro mesas de 
trabalho a respeito de soberania, reparação de vítimas, cronograma eleitoral e situação econômica do 
país.
O representante do Vaticano no diálogo, o prelado italiano Claudio María Celli, leu, ao término da 
reunião, uma declaração conjunta na qual se explica que estas mesas de trabalho serão coordenadas 
pelos mediadores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Igreja. Além disso, ele disse 
que, entre os acordos fechados, ficou estabelecido o próximo dia 11 de novembro para um novo 
encontro da mesa geral de diálogo.
As conversas entre governo e oposição começaram na tarde do domingo (30/10). A mesa era 
composta pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e cinco representantes da aliança 
antichavista Mesa da Unidade Democrática (MUD), acompanhados pelos mediadores Unasul e do 
Vaticano. O partido Vontade Popular (VP), de Leopoldo López, se recusou a participar das conversas.
"Quero manifestar perante o representante do Papa Francisco, como o fiz há poucos dias em Roma, 
meu agradecimento e compromisso absoluto como presidente da República e líder do Movimento 
Bolivariano e Revolucionário da Venezuela com este processo de diálogo", afirmou Maduro. Além 
disso, o presidente afirmou que vai ao diálogo disposto "a escutar, e tomara ser ‘escutado", para 
"buscar pontos de encontro em função dos interesses das grandes maiorias".
Por sua parte, o prelado italiano Claudio María Celli, representante do Vaticano para fazer a 
mediação entre governo e oposição, pediu às partes que o diálogo seja sério e que sejam gerados 
"sinais autênticos" que o país espera.
Papa preocupado
Celli afirmou que o papa Francisco está "profundamente preocupado" com a tensão na Venezuela e 
disse que "seu desejo é o de favorecer o mais possível a feliz realização deste processo".
Antes da reunião, os principais partidos da aliança opositora - Ação Democrática (AD), Primeira 
Justiça (PJ), Vontade Popular e Um Novo Tempo (UNT) - tiveram sérias diferenças sobre os termos 
nos quais devia ser aceito esse encontro.
A VP, partido fundado pelo opositor preso Leopoldo López, rejeitou comparecer às negociações ao 
não serem cumpridas uma série de exigências que tinha feito antes do encontro e que incluíam a 
libertação de 13 políticos presos.
A AD - legenda liderada pelo chefe do parlamento, o opositor Henry Ramos Allup - expressou nas 
reuniões da Unidade seu desejo de participar das conversas com o governo, segundo as mesmas 
fontes.
No entanto, a aliança eleitoral que mantém com a VP desde as eleições parlamentares e que permitiu 
a Allup se tornar chefe do Parlamento, dilatou a decisão da AD para evitar romper com seu pacto, 
embora tenha aceitado participar das conversas.
A situação foi resolvida com a exclusão da VP da reunião, da qual participaram o secretário-
executivo da MUD, Jesús Torrealba; o representante da UNT, Timoteo Zambrano; o da PJ, Carlos 
Ocariz; o da AD, Luis Aquiles Moreno; e o governador do estado de Lara, o opositor e antigo 
chavista Henri Falcon.
Em comunicado divulgado pela MUD, a aliança explica que Torrealba e os outros três grandes 
partidos acertaram sua participação "em função de aceitar o convite do Vaticano para avançar na 
formação de um espaço de diálogo" que permita dar soluções para a crise do país.
Os partidos que decidiram estar na mesa se comprometem a exigir o fim do que chamam de 
“repressão” e de “perseguição", assim como "a se levantar do espaço de diálogo em caso de não ser 
resolvidas as demandas no curto prazo". A VP se comprometeu a se unir às conversas uma vez que 
suas exigências fossem cumpridas.
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