sábado, 5 de novembro de 2016

MIRUNA GENOINO RELATA EM LIVRO PERSEGUIÇÃO VIVIDA POR SEU PAI NO 'MENSALÂO'


Miruna, a mãe Rioko, Genoino, e o bordado com a frase de Mario Quintana: "eles passarão, 
eu passarinho"

Segundo filha de ex-presidente do PT, ele "está angustiado com 
tudo o que está acontecendo, e, apesar de não estar na vida 
política pública, está sempre pensando sobre política"

São Paulo – O ex-presidente do PT José Genoino está “tranquilo dentro do possível”, com o cenário
político brasileiro. “Está angustiado com tudo o que está acontecendo, mas está bem de saúde”, conta
Miruna Kayano Genoino, filha do ex-deputado. “Meu pai vive política o tempo inteiro. Mas tem
conversado sobre política só com amigos. Não está fazendo nada partidário ou institucional. Apesar
de não estar na vida política pública, está sempre pensando sobre política.”
Miruna está fazendo uma campanha para arrecadar fundos com os quais pretende lançar, em março,
o livro Felicidade Fechada, pelo qual conta o processo vivido por Genoino e sua família desde 2005,
quando ocorreram as primeiras denúncias relacionadas ao chamado “mensalão”. A campanha tem
como meta arrecadar R$ 87 mil – até o final da tarde desta sexta-feira (4), as doações chegavam R$
64 mil, pelo site Catarse.
A obra é dividida em duas partes. Uma reunindo relatos escritos por Miruna durante o período,
especialmente o processo de julgamento, condenação e prisão e, na segunda, as cartas que enviou ao
pai. A intenção é "recontar a história que estava aparecendo nas manchetes de um jeito que a gente
sabia que não era verdade".
De acordo com Miruna, o momento mais difícil em todo o processo se deu quando Genoino foi
levado para a Papuda, em Brasília. “Primeiro porque eu não estava em Brasília. A gente não chegou
a se despedir. Eu e ele ficamos dois meses sem nenhuma comunicação direta. Não tinha como vê-lo,
porque tenho meu trabalho em São Paulo e as visitas eram quarta-feira. Então fiquei impossibilitada
de ir”, conta ela, que é educadora.
Depois da etapa mais tensa e angustiante, a família começou a ficar mais tranquila quando ele voltou
a São Paulo, em maio de 2015, após o Supremo Tribunal Federal ter decidido extinguir sua pena por
corrupção ativa na Ação Penal 470, em decisão unânime, a partir do indulto natalino de dezembro de
2014.
O período em torno do indulto não deixou de ser tenso, lembra Miruna. O STF e seu então presidente
Joaquim Barbosa haviam negado, até então, vários recursos que a defesa de Genoino havia tentado,
como o indeferimento, por Barbosa, do pedido para que ele cumprisse a pena em regime semiaberto
em São Paulo, onde mora. Barbosa presidiu STF e foi o relator da AP 470, em que pediu a
condenação de José Genoino sem nenhuma prova ou evidência de que tenha cometido algum crime.
O caso do mensalão foi um primeiro balão de ensaio a empregar a condenação pela imprensa, de
modo a induzir os integrantes do Judiciário a votar não necessariamente de acordo com os autos – e
provas de culpa –, mas de acordo com as pressões da opinião pública diante da espetacularização do
processo. O método tem sido adotado à exaustão pelos da Lava Jato, e tem sido a base de sustentação
da operação desde seu início.
Na época do indulto, a imprensa enfatizou o tempo todo que a medida deputado havia sido
determinada pela presidenta Dilma Rousseff como se fora um ato para beneficiá-lo, quando na
realidade é uma ação adotada todos os anos e beneficia inúmeros detentos.

Assista à mensagem em que Miruna explica o projeto do livro




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