sábado, 26 de novembro de 2016

FIDEL, O HOMEM QUE LIGAVA UM HOMEM AO SONHO



A história e a biografia de Fidel Castro você lerá hoje e por muitos anos.
Pretensioso procurar resumir aqui 70 anos de lutas políticas e quase 60 em que foi um dos nomes 
mais amados e mais temidos do mundo.
Fico nas modéstia das chinelas de um sujeito que veio ao mundo nos dias em que ele se preparava 
pera entrar em Havana, na virada do agora distante 1958 para 1959.
Tinha a barba e a idade de um Cristo, mas era ele quem triunfava sobre Roma, numa pequena ilha.
Quando eu crescia, seu nome era maldito.
Maldito e suspeito até usar barba, como a dele, embora barbas fartas nos venham desde Tiradentes, 
D. Pedro II e Machado de Assis.
Era preciso banir até a imagem do homem que empolgara os jovens do mundo inteiro, com sua 
impossível vitória na Revolução, à frente de uns guris, barbados também.
Mas nunca o conseguiram, porque o milagre que ele operava, sobrevivendo e transformando uma 
ilha, que era antes apenas bordel e cassino dos EUA, num milagre de educação e saúde para todos, 
se sobrepunha às narrativas do paredón e da “tirania castrista”.
Não fazia sentido que aquela pequena nação triunfasse tanto nos esportes, com seus negros sadios 
e luzidios ganhando as medalhas que a nós só raramente cabiam.
Não fazia sentido que as crianças não morressem no berço ou perambulassem pelas ruas, como 
aqui.
Menos ainda era compreensível que o país arrasado e falido pudesse mandar à África as divisões 
que impediam que o moderníssimo exército da África do Sul invadisse Angola.
Sobretudo, não tinha a menor lógica que, a escassas 90 milhas da Flórida, um microscópico país 
confrontasse os próprios Estados Unidos.
Quando a União Soviética, de quem se dizia que Cuba era assim por ser seu simples satélite, 
desmilinguiu-se e desmoronou, o fim de Fidel era questão de dias.
Cortada a ponte que restava ao feroz embargo americano, como aqueles desgraçados 
sobreviveriam?
Não é preciso dizer o que aconteceu: com escassez, racionamento, êxodos, resistiram e não 
fizeram “o dever de casa” da recolonização.
E o que resta dizer aos tolos que ainda preferem o preconceito aos olhos, o ódio ao diálogo, a 
morte à vida?
Que o comunismo cubano continua a tentar nos invadir, com seus médicos e estetoscópios que vão 
aonde parte dos médicos brasileiros não quer ir?
Na morte, o que fica não são seus erros, nem seus heroísmos. Fica a resistência, a sobrevivência 
teimosa, que centenas de atentados, complôs, conspirações puseram abaixo, não conseguiram fazer 
algo que o próprio tempo gastou 90 anos para conseguir.
Fidel parte deixando aos filhos o que se deve aos filhos deixar: saúde, educação e princípios.
Nada pode descrever melhor a ligação entre um homem e seu sonho que seu próprio nome: Fidel, 
fiel.

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