Da Redação
Venceu a rejeição “a tudo o que está aí”.
Venceu a antipolítica.
Perdeu o status quo.
Em São Paulo, o “gestor” João Doria se elegeu prefeito em primeiro turno surfando no pavoroso desempenho eleitoral do prefeito petista Fernando Haddad.
Aposta do governador Geraldo Alckmin, ele conquistou a Prefeitura da maior metrópole do país vencendo praticamente em toda a cidade.
Para bancá-lo como candidato do PSDB, Alckmin teve de vencer a resistência de líderes partidários como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e José Serra, causando um racha que talvez resulte na saída do atual ministro das Relações Exteriores do partido.
No extremo Sul de São Paulo, tradicional reduto petista, quando quase metade dos votos tinham sido contados Doria tinha 29% contra 17% de Haddad. Ali, em seu melhor desempenho eleitoral, a recém-convertida ao PMDB, Marta Suplicy, liderava com 36%.
No geral, Marta teve um desempenho sofrível, com cerca de 10% dos votos. Doria venceu mesmo no extremo da zona Leste de São Paulo, onde Haddad dividiu votos com Marta e Celso Russomano. Em algumas regiões, o tucano teve mais de 60% dos votos.
A taxa de abstenções mais brancos e nulos em São Paulo foi altíssima: quase 39%. Ou seja, Doria conquistou seu mandato em primeiro turno com pouco mais de 30% do eleitorado total do município.
1. O PSDB foi o grande vencedor da noite. Conquistou a prefeitura de São Paulo, foi para o segundo turno em Porto Alegre e Belo Horizonte e em redutos tradicionais do PT, como São Bernardo, onde o candidato petista ficou em terceiro lugar. Porém, onde já governavam, os tucanos sentiram o baque da revolta dos eleitores e vão enfrentar segundo turno em Belém e Manaus.
2. O PSOL conseguiu dois resultados notáveis. Marcelo Freixo avançou para o segundo turno contra Crivella (PRB) no Rio de Janeiro e Edmilson vai disputar o segundo turno contra o prefeito tucano Zenaldo Coutinho em Belém.
3. O PT deve eleger em primeiro turno o prefeito de Rio Branco e, nas capitais, só avançou ao segundo turno em uma capital, Recife — por pouco. A avaliação do desastre para o PT depende dos resultados completos das 989 prefeituras disputadas pelo partido. Alguns resultados no Nordeste não foram nem um pouco animadores: em João Pessoa o candidato do partido teve cerca de 4% dos votos, em Natal 10% e em Fortaleza 15%.
4. O PMDB tomou uma surra no Rio de Janeiro, onde Pedro Paulo teve cerca de 16% dos votos. É pouquíssimo, para quem foi bancado por um prefeito que torrou rios de dinheiro público em obras para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Em São Paulo, Marta Suplicy, atraída pela cúpula do PMDB, teve desempenho sofrível. Em Porto Alegre, o candidato do PMDB foi surpreendido pelo avanço de última hora do tucano Nelson Marchezan Junior.
5. Individualmente, o grande vitorioso da noite foi ACM Neto, em Salvador, reeleito com 74% dos votos. Em Curitiba, Gustavo Fruet (PDT) foi outro que sentiu o inconformismo dos eleitores e nem avançou ao segundo turno.
Há fortes sinais de uma guinada à direita, ainda que as eleições municipais sejam cheias de particularidades. Parece claro que o inverno do PT está apenas começando e que a antipolítica representada pelo “gestor” João Doria tem futuro eleitoral. Digna de nota a votação de Flávio Bolsonaro (PSC) no Rio de Janeiro, com 14%. A soma de brancos e nulos praticamente empatou com a votação de Marcelo Freixo.
O dia foi particularmente ruim para o usurpador Michel Temer, que votou “de madrugada” para fugir de protestos enquanto a presidente Dilma Rousseff e os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso encararam os eleitores em seus respectivos locais de votação. O contraste ficou evidente.
PS do Viomundo: No Rio, Freixo superou Pedro Paulo por cerca de 2% dos votos, que podem ter sido originários da migração de eleitores de Jandira Feghali (PCdoB), que terminou com pouco mais de 3%. Em Porto Alegre, a soma de Raul Pont e Luciana Genro seria suficiente para passar um dos dois ao segundo turno.
PS2 do Viomundo: Em São Gonçalo, na Baixada Fluminense, foram 21,69% de abstenções, 16,9% de nulos e 7,7% de brancos.
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