sábado, 22 de outubro de 2016

O CIRCO PEGANDO FOGO !! POLÍCIA PRENDE POLÍCIA, MP ACUSA MP: ASSOCIAÇÔES PEDINDO A CABEÇA DE GILMAR !! AINDA HÁ ORDEM?



POR FERNANDO BRITO 

Sérgio Moro ficou incomodado em ser comparado ao dominicano Jerônimo Savonarola, que 
acabou servindo aos Bórgia por desestabilizar o domínio dos Médici na Florença medieval. 
Irritou profundamente o magistrado o fato de que Savonarola, depois de servir aos propósitos 
do poder papal, foi mandado para a fogueira.Savonarola, entretanto, é conhecido por outra fogueira, a das Vaidades. É um episódio em que 
ele mandou reunir e atear fogo a tudo aquilo que pudesse que tentar uma pessoa a pecar, na 
visão dele, claro. Isso incluía instrumentos musicais, obras de arte e livros, muitos livros.
Há outra fogueira das vaidades consumindo o Ministério Público, quando se vê hoje, no Valor
de “Três Patetas) acusando a juíza da 4ª Vara Criminal de São Paulo, Maria Priscilla Veiga de 
Oliveira, de fazer “acordo” com o juiz Sergio Moro e mandar para Curitiba as acusações sobre 
o apartamento que não de Lula, mas tem de ser do Lula.
Os promotores Cássio Conserino e Fernando Henrique de Moraes Araújo, dois dos três, 
disseram que a juíza passou “por cima da lei” e deu “margem para nulidades absolutas”. 
Segundo o jornal, eles atacaram a fabulosa exposição de powerpoint de seus congêneres 
curitibanos.
-“Aqui tem Ministério Público! Aqui tem promotores de Justiça que fizeram uma denúncia 
com convicção. Não denunciamos com base em achismo”, bradam eles numa petição.
Reparem: 1) “Aqui tem ministério público”, lá não? 2) ” denúncia com convicção“, provas nem 
tanto e 3) em Curitiba denuncia-se “com base em achismo”?
A fogueira dos promotores é bem diferente da de Savonarola. Nela, em lugar de queimarem-se 
o que seriam vaidades, são as vaidades que ardem, flamejantes, diante de todos.
E queimam, inapelavelmente, todo o equilíbrio e a dignidade que deveriam marcar a Justiça.
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O casamento entre grupos de comunicação, especialmente a Globo, e o Poder Judiciário, produziu
um fenômeno atípico na sociedade brasileira. A agenda nacional passou a ser dominada apenas por
operações policiais, que ocorrem praticamente todos os dias.
Já não se discute mais política econômica, desenvolvimento, infraestrutura, distribuição de renda ou
programas sociais. Há mais de dois anos, um único tema domina corações e mentes e produz
manchetes de jornais: a corrupção.
Nessa corrida desenfreada por fatos novos, esta sexta-feira 21 entra para a história. Foi o dia em que
policiais prenderam policiais e promotores acusaram promotores.
De manhã, cumprindo determinação do juiz Vallisney Oliveira, de Brasília, policiais federais
invadiram o Senado e prenderam policiais legislativos, acusando-se de "contraespionagem", ao fazer
varreduras contra grampos em gabinetes e residências de senadores.
Indignado, o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), pregou a
separação entre os poderes o respeito institucional. "As instituições, assim como o Senado Federal,
devem guardar os limites de suas atribuições legais. Valores absolutos e sagrados do estado
democrático de direito, como a independência dos poderes, as garantias individuais e coletivas,
liberdade de expressão e a presunção da inocência precisam ser reiterados", disse ele (leia mais aqui).
Horas mais tarde, foi a vez da briga MP versus MP, quando o procurador Cássio Conserino, do MP-
SP, desmereceu a denúncia do também procurador Deltan Dallagnol, do MP-PR, dizendo que a
acusação contra o ex-presidente Lula pelo apartamento no Guarujá (SP) deveria correr em São Paulo
e não no Paraná – tese que, aliás, é sustentada pela defesa de Lula (leia mais aqui).
Ao que tudo indica, Conserino gostaria de ser o responsável pela eventual prisão de Lula, tomando o
lugar dos colegas paranaenses. Nessa disputa por holofotes, a questão que se coloca é: ainda há
ordem e segurança jurídica no País?
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