sexta-feira, 28 de outubro de 2016

BARBICHA DO BANESTADO VAZA PARA IMPRENSA QUE ACORDO DA ODERBRECHT SOFRE PRESSÂO DO GOVERNO TEMER



Jornal GGN - Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais procuradores da
força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, afirmou que o acordo de delação premiada da
Odebrecht pode levar ainda, pelo menos, alguns meses ou sequer ser finalizado. Um dos
braços de Sérgio Moro nas investigações assumiu que interesses do governo de Michel
Temer podem interferir.
"Não tenho confiança absoluta em fechar um acordo, porque estamos num ambiente de
instabilidade institucional no Brasil. (...) Não sei se há interesse do governo federal em
que essas colaborações se efetivem. Boa parte do que é falado nessas colaborações, e
não estou falando só da Odebrecht, se refere a personagens políticos que foram ou são
do governo", admitiu o procurador.
"Não há um acordo firmado com a Odebrecht, não há nenhum acordo. Existem muitos
detalhes para resolver", disse o procurador à agência de notícias Reuters. Segundo a
reportagem, o aguardado acordo de delação de Marcelo ou outros executivos da
empreiteira com os investigadores, a nível da Justiça Federal do Paraná, pode não ser
fechado "devido à resistência de políticos". 
A negativa ocorre após notícias darem conta de que os depoimentos de executivos,
como o de Pedro Novis, ex-presidente da Odebrecht, recaírem sobre o tucano José 
Serra, ministro de Relações Exteriores, além de outras delações envolvendo o próprio
governo de Michel Temer e sua grande base aliada.
"Todas essas negociações são muitos complexas, demoram muito para terminar porque
envolvem muitos fatos, muitos pessoas", negou Lima, nesta quinta-feira (27) em
entrevista ao jornal em seu escritório em Curitiba, onde a Polícia Federal, procuradores e
o juiz federal Sérgio Moro vêm conduzindo a Lava Jato.
Em mais de uma vez, o procurador da República negou que haja avanços no acordo com
a Odebrecht, seja com os funcionários e ex-executivos, seja de leniência a nível do
Ministério Público Federal com a empresa. A reportagem consultou os advogados da
Odebrecht, que afirmaram que não poderiam falar sobre negociações em andamento
com os investigadores.
Após inicialmente negar colaborar com a Lava Jato, desde a sua prisão em 2015,
Marcelo Odebrecht resolveu informar o que sabe, com o intuito de abrandar a sua pena
de 19 anos em prisão em Curitiba.
Lima, que vê possibilidades de conseguir boas informações na Lava Jato, admitiu que
acordos desse tipo que interferem membros do governo Temer podem representar uma
ameaça para o próprio andamento da investigação.
Citou como exemplo o projeto de Lei de Abuso de Autoridade, em tramitação no
Congresso e defendida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Estão,
na verdade, desincentivando que as pessoas investiguem, é muito simples", disse Lima. 
"Não tem realmente proteção em relação a sua investigação e não ser ameaçado pelo
poder político, e isso vai impedir que novos casos apareçam. Por que eu vou arriscar e
fazer isso se eu ganho o mesmo salário no final do mês se eu não fizer absolutamente
nada?", completou.
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