sábado, 10 de setembro de 2016

EXPULSO DA FACÇÂO, CUMPADRE OSÓRIO CAI ATIRANDO


"Fui demitido porque contrariei muitos interesses. 
O governo quer abafar a Lava Jato. Tem muito 
receio de até onde a Lava Jato pode chegar", disse 
ex-advogado-geral da União, Fábio Medina 
Osório, na entrevista que concedeu logo após ser 
demitido, por telefone, por Michel Temer; as 
afirmações de Osório confirmam a tese do ex-
ministro Romero Jucá, que disse, em conversas 
interceptadas, que era preciso derrubar a 
presidente Dilma Rousseff para "estancar essa 
sangria"; revelação de que o Palácio do Planalto 
tentou obstruir investigações coloca pressão sobre 
procurador-geral Rodrigo Janot, que terá que 
provar mais uma vez se investiga a todos ou apenas 
o PT.

247 – A primeira grande crise do governo Michel
Temer, que envolveu o ex-ministro Romero Jucá ainda
na interinidade, já havia deixado claro que o golpe
parlamentar de 2016 tinha uma finalidade: conter o
ímpeto da Operação Lava Jato para proteger a
oligarquia política brasileira, de quem a operação
perigosamente se aproximava. Gravado por Sergio
Machado, Jucá defendia a derrubada de Dilma para "estancar essa sangra".
Agora, a segunda grande crise de Temer, não mais na interinidade, comprova que foi exatamente
esse o objetivo do golpe. Demitido por telefone, o ex-ministro da advocacia-geral da União, Fábio
Medina Osório, disse que foi defenestrado porque o Palácio do Planalto tem interesse em proteger
aliados corruptos – ou seja, trata-se, como disse Jucá, de "estancar essa sangria".
"Fui demitido porque contrariei muitos interesses. O governo quer abafar a Lava Jato. Tem muito
receio de até onde a Lava Jato pode chegar", disse ele, na entrevista concedida a Thiago Bronzatto,
Marcela Mattos e Hugo Marques.
Osório, que pretendia cobrar até R$ 23 bilhões das empreiteiras e dos agentes públicos envolvidos na
Lava Jato, previu um final agourento para o governo Temer. "Se não houver compromisso com o
combate à corrupção, esse governo vai derreter", disse ele. Segundo Osório, o chefe da Casa Civil,
Eliseu Padilha, foi o encarregado por Temer de providenciar sua demissão e conter suas investidas,
que incomodavam aliados do PMDB e de partidos da base. "Qual é o problema de tentar ressarcir
aos cofres públicos o dinheiro desviado?", questiona Osório.
Depois desse novo escândalo, que revela que o Palácio do Planalto tentou obstruir investigações,
aumenta a pressão sobre o procurador-geral Rodrigo Janot, que terá que provar mais uma vez se
investiga a todos ou apenas o PT.
Recentemente, ele acusou a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o ex-ministro José
Eduardo Cardozo de tentar obstruir a Lava Jato com uma indicação de um ministro para o Superior
Tribunal de Justiça. O que fará agora com a afirmação do ex-advogado da União, que acusa o
governo de demiti-lo para proteger políticos aliados? Com a palavra, Janot.

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