No ano passado, The Intercept o nomeou como o “mais misógino e abominável político no mundo democrático” depois de ele ter dito à deputada de esquerda Maria do Rosário que ela não merecia ser estuprada por ele (ele foi recentemente condenado por isso). Ele criou uma controvérsia internacional em abril quando, ao votar favoravelmente ao impeachment da Presidente Dilma Rousseff, enalteceu especificamente o general Brilhante Ustra, que participou da tortura de Dilma durante a ditadura. Na mesma votação, seu filho Eduardo, também um deputado, exaltou os generais que deram o golpe de 1964, que resultou na ditadura militar que a família Bolsonaro admira e deseja de volta ao país.
Este é, portanto, o patriarca da família. Um de seus filhos políticos, Flávio, é membro da Legislatura do Estado do Rio de Janeiro e está atualmente concorrendo ao cargo de prefeito da cidade. Como os outros membros de sua família, Flávio é um político de extrema-direita cuja campanha é baseada em ideias dignas de Trump, como o restauro dos valores evangélicos e a imposição do autoritarismo e da lei acima de tudo. Infelizmente para Flávio, sua pose de homem durão e forte, fabricada para a campanha, sofreu vários contratempos, inclusive quando ele quase desmaiou durante o primeiro debate entre os prefeitáveis, enquanto Jandira Fehgali, do Partido Comunista do Brasil, que é médica, oferecia assistência a ele (Jair, pai de Flávio, negou a ajuda em nome de seu filho).
A imagem de Flávio de homem honesto, íntegro e dentro da lei sofreu outro baque hoje. A cidade foi surpreendida, nesta semana, por um dos piores crimes imagináveis: o coronel da Polícia Militar Pedro Chavarry Duarte foipreso acusado de ter estuprado uma menina de apenas dois anos, que foi encontrada nua e aflita no banco de trás do seu carro. Os jornais descobriram depois que o coronel tem um histórico de suspeita em outros crimes envolvendo crianças.
Por motivos óbvios, há uma profunda revolta entre a sociedade com o oficial da polícia. Por esse motivo muitos se assustaram quando fotografias do incorruptível Flávio Bolsonaro, posando não apenas uma, mas em duas ocasiões diferentes com o policial acusado de pedofilia, surgiram hoje. A primeira foto é de uma edição de 2012 do jornal de uma associação de policiais aposentados, noticiando um evento de que os dois participaram. A origem da segunda foto ainda é desconhecida:
O fato em si não seria um golpe fatal na candidatura de Flávio: afinal de contas, políticos tiram fotos com muitas pessoas, inclusive e sobretudo desconhecidos, e seria injusto sugerir que alguém apoia ou aprova a conduta de outra pessoa simplesmente por aparecer com ela em uma foto – ou duas.
Mas Flávio assegurou que isso virasse uma grande notícia, e que muitas pessoas vissem as fotos, quando, nesta tarde, publicou um vídeo bizarro e desequilibrado, com 80 segundos de ameaças. Nele, o candidato chama aqueles que compartilham as imagens de “vagabundos”,  gaba-se repetidamente  de querer “castrar quimicamente” estupradores e pedófilos e, o pior de tudo, ameaça processar qualquer um que publique ou compartilhe as imagens, mostradas acima, dele ao lado do suspeito mais notável e odiado do Brasil no momento.

Em geral, é não apenas antiético e tirânico – mas usualmente bastante contra-produtivo – sair por aí ameaçando a todos, inclusive organizações de mídia, de processos judiciais se reportarem ou publicarem notícias com informações sobre políticos que buscam um substancial poder público. Previsivelmente, as ameaças de Flávio resultaram em uma avalanche de publicações desafiadoras das fotos nas mídias sociais. As ameaças de Flávio provavelmente resultarão numa circulação infinitamente maior das imagens que o político tenta, agressivamente, esconder – particularmente entre organizações de mídia dedicadas a defender o direito à livre expressão diante de ameaças como estas. Essa é a lição que Flávio pode tirar dos eventos de hoje.