sexta-feira, 2 de setembro de 2016

A OBSESSÂO DOS GOLPISTAS, OTÁRIOS E MIDIOTA POR CUBA



Por Roberto Bitencourt da Silva – historiador e cientista político.

Durante mais de um ano, em inúmeras manifestações favoráveis à destituição da presidente Dilma
Rousseff, reacionários golpistas de diferentes quadrantes esbravejavam uma renitente palavra de 
ordem: “Vai pra Cuba!”.
A Cuba revolucionária, altiva e independente dos EUA consiste em uma verdadeira obsessão dos
atores individuais e coletivos que, à essa altura do campeonato, refestelam-se com o êxito do
golpismo.
Nos devaneios de suas mentalidades colonizadas, as direitas golpistas – localizadas seja nas
instituições do Estado, seja na sociedade civil –, identificavam “comunismo” e “cubanização” do
país, devido às tímidas medidas redistributivas do período Lula/Dilma.
Malgrado os governos do PT terem apenas aproveitado, com sensibilidade, a expansão dos preços e
das vendas das commodities no mercado internacional para adotarem algumas ações que permitiam
o aumento do consumo popular.
A dependência externa e a transferência de riquezas e rendimentos nacionais para os setores
financeiros e às corporações multinacionais sequer sofreram arranhão. Não foi introduzida qualquer
iniciativa consoante a (re)estatizações ou de socialização da propriedade.
Pouco importa. Para os alucinados reacionários golpistas, porque as classes populares não estavam a
passar fome, o Brasil descortinava o “caminho de Cuba”.
Em todo caso, talvez por ironia do destino, a obsessão com Cuba está convertendo-se em uma
profecia autorrealizável.
Só que existe um detalhe importante: em vez de estarmos seguindo as trilhas do socialismo fidelista
e guevarista, o Brasil depara-se no momento com o modelo de sociedade cubana anterior à
Revolução de 1959. Explico:
1. O projeto dos golpistas de plantão, sob a batuta do ilegítimo Temer, é eivado de uma 
profunda visão neocolonial: entregar tudo, entregar nossas riquezas naturais e nosso 
patrimônio público para os gringos, para as empresas estrangeiras.

2. A perspectiva dos golpistas norteia-se pelo incremento do subdesenvolvimento e da 
dependência e subserviência extremada aos EUA.

3. Se já nos encontramos envolvidos com significativo processo de desindustrialização e de 
desnacionalização da indústria, não é difícil imaginar o que acontecerá com o setor sob o 
projeto de desmonte do país que se insinua.

4. Com isso, tornam-se dispensáveis conhecimento, educação e cultura. A intenção já revelada, 
e parcialmente aprovada na Câmara, é de congelar por duas décadas investimentos no ensino. 
O subdesenvolvimento casa bem com a ignorância. Nela se apoia.

5. O governo ilegítimo tem como parâmetro nas relações externas uma indigna e cavalar 
subserviência aos EUA. Um neocolonialismo sem máscaras é o horizonte já de curto prazo.

6. A burguesia "brasileira" – conglomerados de comunicação, Fiesp e Firjan à frente – 
assumiu abertamente a sua reles condição de testa de ferro de interesses do capital 
internacional. Nada produz, vive de engodo, renda, especulação financeira, imobiliária e 
alugueis. Não tem projeto comprometido com a Nação. Apenas visa entregar o País ao preço 
que lhe convém. Entreguista e títere de um poder real de comando que é externo.

7. Os espúrios personagens e agrupamentos políticos oligárquicos que capitaneiam o golpismo 
revelam extraordinário despudor, cinismo, venalidade, que tanto caracterizavam os chefetes da 
outrora ordem neocolonial cubana, que antecedeu a Revolução.
A obsessiva “profecia” dos reacionários está se materializando. Com a peculiaridade de um período
histórico e de uma configuração de sociedade diferentes.
Ao contrário do que golpistas fascistóides ruminavam nas ruas e nas redes, o Brasil não estava
"virando Cuba" (socialista, revolucionária).
Mas, seguramente tenderá a ficar bem parecidinho com a Cuba colonizada, subalternizada e
desmoralizada, de antes da era aberta pelo povo cubano e o comandante Fidel Castro. Claro, isso até
o limite da paciência e da honra do povo brasileiro.
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