sábado, 9 de julho de 2016

NÂO QUER CALAR: DELEGADO DA PF DA GLOBO JATO AGE POR IDEOLOGIA OU DIÁRIAS?


"Em 42 anos de jornalismo, nunca vi nada igual!" Mauat tem o direito de insubordinar-se, dr 
Daiello?

Do Blog do Marcelo Auler: Delegado Eduardo Mauat: foi por ideologia ou pelas diárias?

O vídeo inserido pelo movimento NasRuas, com o delegado federal Eduardo Mauat conclamando a 
sociedade a questionar medidas administrativas adotadas pelo Departamento de Polícia Federal 
(DPF) é algo sui generis. Confesso que em 42 anos de jornalismo não vi nada igual. Menos ainda 
sem qualquer reação da cúpula do DPF dfiante de um ato que soa – pode até não ser – uma 
insubordinação.
Curioso é que o próprio delegado fala que na instituição há profissionais capacitados para darem 
continuidade ao trabalho. Se ele próprio reconhece isso, o que o leva defender o questionamento 
público de atos meramente administrativos? Será que por detrás desta transferência existem outros 
fatores desconhecidos do público? Quais seriam?
Quem ouve o vídeo, que reproduzimos abaixo, verifica que o conselho do delegado é a bastante 
democrático:
“Espero que a Lava Jato deixe este legado, legado de questionamento, de inteiração, de protesto, de 
elogio, seja lá o que for. Que as pessoas questionem mais os problemas nacionais”



Não me cabe aqui questionar se a transferência dele foi ou não algum ato de retaliação. Mas, na 
medida em que ele sugeriu que “a sociedade é legítima para fazer o questionamento que ela entender 
pertinente para debater, interagir, para perguntar, o que cada ato vai repercutir no andamento da 
Operação”, me acho no direito de lhe fazer um questionamento direto. E desde já, como sempre, o 
espaço do blog está aberto para ele se manifestar da forma que quiser.
O documento ao lado é de junho de 2014. Portanto, três meses depois das primeiras prisões da Lava 
Jato. Revela o resultado de um concurso interno de remoção, no qual se inscrevem os policiais que 
têm interesse em mudar de local de trabalho. Ninguém é forçado a nada.



(Documento de junho de 2014 anunciando a transferência de Eduardo Mauat para a Delegacia de 
Polícia Federal de Santa Cruz do Sul (RS). Foi uma transferência a pedido,mas ele, pelo que 
informaram na própria delegacia, pouco apareceu por lá. É normal, isto?)
Mauat, que em Curitiba viveu um período em união estável com a delegada Érika Mialink, inscreveu-
se no concurso de remoção e foi contemplado com a transferência para a Delegacia de Santa Cruz do 
Sul, no Rio Grande do Sul.
Mas, a pretexto de continuar atuando na Operação Lava Jato, Mauat recebeu a promoção e pouco 
apareceu no seu novo posto de trabalho. Não apenas era visto em Curitiba como na própria 
delegacia, por telefone, apuramos que ele ali pouco aparecia. E quando ia, ficava poucos dias, 
sempre justificando a convocação para a Lava Jato.
Se o próprio Maut pediu a sua remoção e se ele mesmo diz que na instituição há profissionais com 
capacidade para tocar a operação, sem que ela corra risco, é de se questionar o por que dele não ter 
efetivamente acatado a transferência pedida? Não soa incoerente pedir a transferência, ser atendido, 
permanecer aonde estava e depois reclamar quando a Direção Geral efetivamente o faz cumprir a 
remoção? Como, diante do seu próprio pedido de remoção, entender seu comentário que:
“Meu afastamento foi determinado pelo diretor-geral. Meu planejamento era continuar lá até agosto, 
para tentar encaminhar as demandas que estavam sob minha responsabilidade. Então, enquanto o Dr. 
Leandro (Daiello) for diretor-geral, eu não vou retornar à operação Lava Jato.“
Provavelmente, por sentir a importância da Operação, talvez até por ideologia, ele tenha optado por 
permanecer ajudando a equipe da Lava Jato. Isso, porém, tem consequências. A vaga para a qual foi 
transferido estava aberta, o que significa que aquela unidade da Polícia Federal necessitava de um 
delegado. Se ele não assumiu, a vaga ficou vaga? Ou alguém foi mandado para lá para cobrir fazer o 
trabalho que ele deveria fazer? Pagaram diária a esse substituto?
Mauat, se permaneceu em Curitiba por opção, abriu mão da ajuda de custo de R$ 200,00/dia uma 
vez que continuou morando na mesma cidade onde estava? Ou não teve esse gesto altruísta e recebeu 
a diária prevista legalmente? Em um cálculo superficial, foram mais de 17 meses em que ele, lotado 
no Rio Grande do Sul, continuou trabalhando no Paraná. Se não abriu mão do dinheiro, fez jus a, no 
mínimo, R$ 102 mil (200x30x17) todo este período. Nada mal.
Surge, aí um outro problema, caso as diárias tenham sido efetivamente recebidas: a legalidade das 
mesmas. Pelas normas do DPF, um servidor pode, no máximo, receber 120 diárias/ano. É verdade 
que este prazo pode ser dilatado, e efetivamente isso acontece. Mas, como justificar o 
descumprimento de uma norma justamente por um policial que está atuando em uma operação que 
pretende passar o Brasil a limpo e acabar com corrupção e maracutaias?
É legítimo descumprir as normas internas do Departamento, recebendo diárias, sem sair da cidade 
aonde morava, mesmo depois de pedir para ser transferido e dizer que isto se deve ao combate à 
corrupção?
Ficam no ar estas questões para o próprio Mauat responder. O blog está aberto às suas explicações. 
Não precisa buscar o apoio do movimento Nas Ruas.
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