Publicado na DW.
Em entrevista à revista alemã Der Spiegel publicada neste sábado (02/07), o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva fala sobre a crise política e econômica enfrentada pelo Brasil. Ele rebate
acusações de corrupção e defende a presidente afastada Dilma Rousseff, criticando o presidente
interino Michel Temer.
Ao ser questionado pela revista sobre o processo de impeachment em andamento contra Dilma, Lula
voltou a falar em “vingança”. “O impeachment foi um ato de vingança do ex-presidente da Câmara
Eduardo Cunha, o qual não ajudamos quando foi acusado de corrupção.”
Lula reforçou também que ainda não foi provado nenhum crime cometido por Dilma. “Essa coisa
toda com o orçamento não passa de uma acusação barata. Quem está insatisfeito com o resultado das
últimas eleições, deveria esperar pelas próximas”, afirmou. “Uma mudança abrupta não faz bem para
o país.”
Para o ex-presidente, as chances de que o impeachment não se concretize são boas. Seria necessário
conseguir o apoio de apenas mais seis senadores, disse. Além disso, o presidente interino, Michel
Temer, “cometeu muitos erros”.
“Ele se comporta como Fidel Castro, que se instalou em Havana com seus guerrilheiros. Temer
“Ele se comporta como Fidel Castro, que se instalou em Havana com seus guerrilheiros. Temer
parece acreditar que ficará no poder por 70 anos. Ele trocou o comando de todos os postos
importantes, dos ministérios, do Banco Central, da Petrobras. Ele é absurdo”, criticou Lula.
“Se a Dilma de fato voltar, vamos precisar de meio ano para contratar e dispensar gente de novo”,
“Se a Dilma de fato voltar, vamos precisar de meio ano para contratar e dispensar gente de novo”,
concluiu. A votação sobre o afastamento definitivo de Dilma está prevista para agosto.
O ex-presidente apontou a desaceleração econômica e uma “sociedade cada vez mais polarizada”
O ex-presidente apontou a desaceleração econômica e uma “sociedade cada vez mais polarizada”
como fatores que levaram ao processo de impeachment.
“Tudo isso se refletiu num Parlamento que não apenas bloqueou todos os projetos de lei do nosso
“Tudo isso se refletiu num Parlamento que não apenas bloqueou todos os projetos de lei do nosso
governo, mas que também espreitava uma oportunidade de expulsar o PT, depois de quase 14 anos,
do poder”, disse. “Parece que a democracia incomoda uma parcela da sociedade”, disse, referindo-se
às “elites conservadoras.”
“Não tenho medo da prisão”
Quanto a acusações de corrupção contra ele, Lula afirmou que a mídia, mais especificamente a TV
“Não tenho medo da prisão”
Quanto a acusações de corrupção contra ele, Lula afirmou que a mídia, mais especificamente a TV
Globo, o taxou de corrupto ao afirmar que ele possui dois imóveis, apesar de ele não ser o
proprietário deles. “Eles querem me desmoralizar perante a opinião pública.”
“Um juiz investiga o senhor. O senhor não tem medo de ser preso?”, perguntou a Der Spiegel. “Não
“Um juiz investiga o senhor. O senhor não tem medo de ser preso?”, perguntou a Der Spiegel. “Não
tenho medo da prisão”, respondeu Lula. “Preocupa-me muito mais o fato de, na nossa democracia,
parecer ser possível se tornar uma vítima de mentiras desse tipo.”
O ex-presidente afirmou que casos de corrupção estão vindo à tona graças ao PT, que estabeleceu as
O ex-presidente afirmou que casos de corrupção estão vindo à tona graças ao PT, que estabeleceu as
bases legais para isso nos últimos anos. “A crise é um sinal de que o Brasil avançou na luta conta a
corrupção […] Um dia teremos orgulho do que está acontecendo no momento.”
“Não abandono uma companheira”
A Der Spiegel também abordou a nomeação de Lula para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil,
“Não abandono uma companheira”
A Der Spiegel também abordou a nomeação de Lula para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil,
em março deste ano, suspensa pela Justiça. “O senhor queria escapar das garras do juiz, como
supõem seus adversários?”, perguntou a revista.
Lula alegou não ter feito nada de errado e destacou que já havia sido convidado por Dilma para
Lula alegou não ter feito nada de errado e destacou que já havia sido convidado por Dilma para
assumir o cargo no ano passado. “Eu achava que não havia lugar para dois presidentes no Palácio do
Planalto, e recusei”, disse.
Com uma piora da crise, seus aliados o teriam pressionado a tentar “afastar o impeachment”. “Eu
Com uma piora da crise, seus aliados o teriam pressionado a tentar “afastar o impeachment”. “Eu
não abandono uma companheira somente para salvar minha própria reputação”, afirmou.
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