sexta-feira, 22 de julho de 2016

Alexandre de Moraes, e a carreira pavimentada a sangue



Delegados da Polícia Civil de São Paulo cunharam o apelido de Kojak para o então Secretário de 
Segurança Alexandre de Moraes. Em parte, pela calva. Muito pela fixação nos holofotes. Fazia 
questão de ser comunicado sobre as operações mais irrelevantes, para ser a pessoa a anunciar a 
operação e os resultados para a TV.
O carnaval em torno dos supostos terroristas que criavam galinhas seguiu essa linha. Mas, aí, com 
uma irresponsabilidade monumental. O estardalhaço em cima de um factoide não só ajudou a 
carregar mais nuvens sobre os céus das Olimpíadas, como a chamar a atenção dos malucos sobre a 
possibilidade de atentados terroristas no evento.
No auge dos sequestros em São Paulo, havia um pacto tácito com a imprensa para não fazer 
estardalhaço, pois inevitavelmente produziria um efeito-demonstração. Com atentados, o efeito é 
maior ainda, porque hoje em dia, na cabeça dos desajustados, as redes sociais provocam uma 
confusão entre o virtual e o real.
Não é o problema maior de Moraes.
Trata-se de um caso clássico do político sem princípios, que de adapta a qualquer circunstância.
Nos tempos de Saulo de Castro Abreu na Secretaria de Segurança de Alckmin, o Secretário de 
Justiça Moraes exercia uma espécie de contraponto mais racional. Com Gilberto Kassab na 
prefeitura de São Paulo, vestiu o figurino de gestor. De volta à Secretaria de Segurança de um 
governador linha-dura, sancionou todas as arbitrariedades da Polícia Militar. Conseguiu o feito de, 
no período de maiores denúncias de arbitrariedades da PM, registrar o menor número de punições.
Nas passeatas, agiu como polícia política, reprimindo as manifestações contra o impeachment, 
invadindo a sede de torcidas organizadas críticas do golpe, fechando as ruas que davam para o local 
de eventos fechados.
Provavelmente é a mais nefasta figura que surgiu no universo político nas últimas décadas. Não 
apenas por colocar permanentemente a carreira acima dos princípios e valores, mas por ter sido 
responsável pelo aumento expressivo de mortes na periferia.
Literalmente, está asfaltando a carreira política com o sangue dos jovens assassinados.
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