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Entidades representativas de peritos papiloscopistas e de policiais civis procuraram a Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco (SDS/PE) e o Ministério Público de Pernambuco (MP-PE) hoje (27) de manhã para pedir que a secretaria esclareça por que motivo cancelou a perícia que seria realizada, na quinta-feira (23) de manhã, no quarto de motel onde o empresário Paulo César de Barros Morato, foragido da Operação Turbulência, foi encontrado morto no dia anterior (22).
A perícia em questão é a papiloscópica, que faz a colheita de impressões digitais em cenas de crimes. “Nós estamos oficiando a SDS para perdir esclarecimentos sobre por que os papiloscopistas não puderam realizar a perícia e receberam ordem para deixar o local. Também pedimos que o Ministério Público acompanhe o caso e peça providências”, explicou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), Áureo Cisneiros.
Dois peritos que foram ao motel para buscar as impressões digitais na manhã de quinta receberam uma ligação, que seria da gerente de Identificação Criminal, Ivoneide Constantino, para cancelar a perícia no local. De acordo com um dos profissionais que foi ao local e pediu para não ser identificado, por medo de retaliações, eles nem chegaram a entrar no quarto. A ordem, segundo ele, é um desvio do padrão do trabalho de perícia.
Secretaria de Defesa Social
Em nota, a secretaria afirmou que todas as perícias solicitadas pelo delegado responsável pelo inquérito foram realizadas pela equipe de peritos que esteve no local do crime na noite do dia 22 de junho, quando o corpo de Morato foi encontrado.
Segundo a SDS, “uma equipe de peritos papiloscopistas se dirigiu espontaneamente e sem ordem superior na manhã da quinta-feira ao motel onde o empresário Paulo Cesar Morato foi encontrado morto, a pretexto de realizar uma perícia complementar no local, razão pela qual recebeu ordem para retorno”.
A nota também diz que a secretaria colabora com a Polícia Federal desde que tomou conhecimento de que a vítima se tratava de um foragido da Operação Turbulência e que disponibilizou o material apreendido com o empresário para auxiliar nas investigações. Essa posição já havia sido apresentada em coletiva de imprensa realizada na quinta-feira.
A Associação de Peritos Papiloscopistas de Pernambuco (Asppape) questiona a posição da SDS. O argumento é que havia a ordem da delegada de plantão Gleice Ângelo, para realizar a perícia na quarta-feira à noite. A partir disso, quem definiria se havia necessidade de uma nova perícia e por quanto tempo a cena do crime ficaria isolada seria a equipe da perícia.
“Isso é padrão nacional. O Artigo 161 do Código Penal diz que a perícia será realizada em qualquer data e qualquer hora. A maioria dos casos que a gente pericia tem esses procedimentos tomados e nunca houve ordem desse tipo. Já tivemos cena isolada por dois meses e perícias realizadas mais de 50 vezes”, questiona o presidente da Asppape, Carlos Eduardo Maia, que também foi ao Ministério Público entregar o ofício.
Ainda segundo a versão dos papiloscopistas, na quarta-feira à noite o profissional que foi ao local constatou que a cena a ser periciada era muito grande e que, naquele momento, não havia material ou funcionários em número suficiente, além de as condições de iluminação serem insuficientes.
Por esse motivo, outros dois peritos foram ao local na manhã seguinte para colher as digitais. Eles afirmam ainda que, na ligação feita pela gerente Ivoneide, ela afirma que a ordem para que os peritos voltassem era da gerente geral da Polícia Científica, Sandra Maria Santos que, por sua vez, teria dado a ordem a pedido da secretaria.
Operação Turbulência
O empresário Paulo César de Barros Morato foi acusado na Operação Turbulência, da Polícia Federal (PF), de ser um testa de ferro de uma suposta organização criminosa de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 600 milhões desde 2010 e teria sido a responsável, inclusive, pela compra da aeronave usada na campanha presidencial do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), cuja queda matou o político e a mais seis pessoas.
Ele era o único foragido da operação, que decretou a prisão preventiva de cinco empresários. Morato se identificava como dono da Câmara e Vasconcelos Locações e Terraplenagem, classificada pela PF como de fachada. A empresa foi uma das compradoras do avião de Campos. No mesmo ano da compra, a construtora OAS repassou ao estabelecimento o pagamento de R$ 18,8 milhões por serviços realizados na transposição do Rio São Francisco.
Morato foi encontrado morto em um motel de Olinda, município da Região Metropolitana do Recife, no dia 22 de junho, uma quarta-feira. A Secretaria de Defesa Social divulgou que a principal linha de investigação é que a morte tenha sido por causa natural ou suicídio. No local foram encontrados sete pen drives e três celulares que podem contribuir com as investigações. O material será periciado pela Polícia Federal (PF).
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