terça-feira, 28 de junho de 2016

O SHOWMICIO DE JANETE

“Algumas vozes reverberam o passado e ensaiam a troca do combate 
à corrupção por uma pseudo estabilidade, a exclusiva estabilidade 
destinada a poucos. Não nos sujeitaremos à condescendência 
criminosa: não é isso que o Brasil quer, não é disso que o país 
precisa”, afirmou o procurador-geral na abertura de um seminário 
que vai discutir os grandes casos criminais do Brasil e da 
Itália. “Chegou a hora de quebrarmos também os grilhões do patrimonialismo, de nos libertarmos de um modo de ser que não nos pertence, daquele malfadado jeitinho 
associado à corrupção da lei que não traduz nossa verdadeira natureza. É hora de nos 
desvencilharmos da cultura de espoliação e do egoísmo. O país fartou-se desse modelo 
político”, completou (veja na Folha).

Também estou nessa, doutor.
Mas não com o poder de pedir para prender, encarcerar, denunciar criminalmente, arrancar delações.
Este poder é seu, e para ser legítimo tem de ser exercido com uma isenção quase monástica.
Que não combina em nada com a linguagem de palanque que o Ministério Público vem adotando:
Na avaliação do procurador-geral, o sistema eleitoral está “falido”. (A Operação)“Lava Jato desvelou, como nunca, o sistema de favores mútuos entre políticos, partidos e empresários, que mais do que locupletar os seus sócios, frauda a democracia representativa, conspurca os valores republicanos e transforma o Estado em um clube exclusivo para desfrute de poucos, mas penosamente custeado por todos os brasileiros. É hora de nos desvencilharmos da cultura de espoliação e do egoísmo. O país fartou-se desse modelo político”.
De acordo, Doutor, mas quem tem o direito de dizer isso somos eu ou qualquer cidadão sem
impedimentos políticos, não o senhor.
O senhor tem de dizer: Fulano e Beltrano praticaram o crime do artigo tal, da lei qual.
Mais nada.
É a sociedade quem tem de julgar, não o Ministério Público dizer como deve ser o julgamento
politico dos cidadãos.
O senhor, não é de hoje, vem aceitando a posição messiânica do MP e a sua própria.
Já nem tem pruridos em se confrontar com um STF desmoralizado por sua leniência com os
denunciados que não são do PT e aqueles que merecem, como Eduardo Cunha, pausas de meses
em sua contenção.
Melhor faria o senhor explicando porque o MP não quer aceitar a delação que envolve Michel 
Temer. Mas o que se lê é diferente:
Janot afirmou que os políticos precisam perceber o desejo de mudança na 
sociedade.”Se os nossos timoneiros não perceberem rapidamente a direção dos novos 
ventos, certamente estarão fadados à obsolescência democrática. Ficarão, com os seus 
valores ultrapassados, presos irremediavelmente no tempo do esquecimento e 
condenados pelo juízo implacável da história.”

Janot está permitindo que o Ministério Público se transforme em um partido político.
E Ministério Público é para acusar que merece ser acusado, não para fazer política, por mais
meritória que possa ser ou parecer.
No próximo post, vou mostrar quantos anos de cumplicidade Ministério Público e
Judiciário tiveram, quando a mesma corrupção e os mesmos corruptores de hoje passaram
impunes por suas mãos.
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