quinta-feira, 23 de junho de 2016

A COINCIDÊNCIA TOTAL DA REUNIÃO DE MORAES E MORO E A NOVA PRISÃO DE PETISTAS


Os agentes do Grupo de Pronta Intervenção da PF na sede do PT

Operação Custo Brasil, desdobramento da Lava Jato, prende Paulo Bernardo e dá alívio ao 
governo interino

por : Kiko Nogueira

Pode ser absoluta coincidência que a operação Custo Brasil, desdobramento da Lava Jato, cuja alvo 
foram lideranças do PT com destaque para o ex-ministro de Lula e Dilma Paulo Bernardo, tenha 
ocorrido dois dias após uma visita de Alexandre de Moraes a Sergio Moro.
Mas há, por outro lado, um desprezo completo em manter as aparências que acaba sendo revelador 
do viés partidário.
O ministro da Justiça esteve em Curitiba num compromisso fora de sua agenda (alô, Marco Antonio 
Villa). Reuniu-se com Moro e seu time para, oficialmente, declarar suporte irrestrito. Um dos 
presentes era o delegado Igor Romário de Paula, aquele que foi flagrado postando mensagens pró 
Aécio em 2014.
Na quinta, questionado, Moraes acusou o golpe. “Não há nenhuma relação da minha visita 
institucional de apoio à Lava Jato. Provavelmente seja isso que tenha deixado desconfortável essas 
pessoas, é que o governo anterior jamais apoiou institucionalmente a Lava Jato, porque o governo 
anterior jamais apoiou o combate à corrupção”, afirmou.
Vendeu seu peixe. A gestão do interino “apoia totalmente o combate à corrupção, apoia totalmente a 
Operação Lava Jato, e não tem vergonha, como o governo anterior tinha, de dizer isso”.
O momento não poderia ser melhor para Temer. Com três ministros a menos em dois meses, o chefe 
citado diretamente por Sérgio Machado, Cunha na roça, o PT volta a ser o vilão nacional.
A velha propensão dos agentes para dar espetáculo voltou com tudo. Os homens escalados para a 
blitz na sede petista em São Paulo eram do Grupo de Pronta Intervenção, GPI, um batalhão de elite 
treinado para distúrbios civis.
Vestem-se com uniformes camuflados e usam rifles de assalto. Tudo numa manhã gelada paulistana 
para invadir um sobrado numa rua estreita do centro.
A diretora de comunicação contou à Folha que eles sabem que “há riscos de tumultos e 
manifestações” quando as operações acontecem “em sedes de partidos políticos”. Qual? Quando? 
Onde?
A ideia, na verdade, é mesmo ficar bem na foto. O ciclo se fecha com a coletiva dos investigadores 
orgulhosos, transmitida ao vivo na GloboNews, com discursos pretensiosos sobre o “câncer” da 
corrupção (a escola Deltan Dallagnol).
É evidente que, se Bernardo e os demais cometeram crimes, têm de ser punidos. A questão, aqui, é 
outra: sempre os mesmos? Sempre do mesmo jeito? E os outros? E o timing?
Enfim, um espetáculo como o brasileiro já estava sentindo falta, com o velho e bom script. O único 
pecado, talvez, seja o ensaio tão competente. Moro e seus amigos podiam fingir que erram um pouco 
para ver se conferem mais credibilidade ao negócio.
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