De onde menos se espera é que não sai nada mesmo: Lewandowski. As explicações ridículas
Não esperem nada do Supremo.
Foi em essência esta a mensagem que vinte parlamentares progressistas ouviram de Ricardo
Lewandowski, presidente do STF, num encontro ocorrido nesta terça.
Com alguma esperança, eles levaram a Lewandowski uma lista de razões pelas quais Eduardo Cunha
Com alguma esperança, eles levaram a Lewandowski uma lista de razões pelas quais Eduardo Cunha
deveria ser afastado de suas funções de presidente de Câmara.
Entraram na conversa com alguma esperança de ganhar algumas luzes de Lewandowski. Algum
Entraram na conversa com alguma esperança de ganhar algumas luzes de Lewandowski. Algum
calor. Receberam sombras e jatos de frio siberiano, tudo isso na linguagem empolada dos eminentes
ministros do Supremo.
Lewandowski disse a eles que o STF é “garantista”. Não. Não é garantista no sentido de impedir que
Lewandowski disse a eles que o STF é “garantista”. Não. Não é garantista no sentido de impedir que
um corrupto sem qualquer escrúpulo faça horrores para destruir a democracia. Não é garantista para
proteger o voto de mais de 54 milhões de brasileiros.
É garantista, nas atuais circunstâncias, na seguinte acepção: deixar que Eduardo Cunha faça o que
quiser. Está incluído aí dar um jeito para ser aprovado na Câmara o aumento do Judiciário.
Lewandowski usou também na conversa uma expressão em latim que, na prática, significa lavar as
Lewandowski usou também na conversa uma expressão em latim que, na prática, significa lavar as
mãos.
O caso é interna corporis, afirmou. É uma questão interna da Câmara. Isso quer dizer que Cunha
O caso é interna corporis, afirmou. É uma questão interna da Câmara. Isso quer dizer que Cunha
pode fazer o que quiser, porque o Judiciário não se mete em política.
Um dos presentes à conversa definiu com precisão essa fala. “Ele deve estar pensando que somos
idiotas.” Sim. É acintoso falar que a Justiça não se mete nas questões políticas quando um juiz como
Gilmar Mendes usa a toga para fazer militância política fantasiado de magistrado. Ou quando um
procurador geral diz, sem prova nenhuma, que Dilma devia saber do Petrolão.
Lewandowski desprezou as evidências esmagadoras contra Eduardo Cunha. “O papel aceita tudo”,
Lewandowski desprezou as evidências esmagadoras contra Eduardo Cunha. “O papel aceita tudo”,
afirmou.
Ora, ora, ora.
E as contas secretas provadas pelas autoridades suíças? Está tudo documentado. Foi entregue de
Ora, ora, ora.
E as contas secretas provadas pelas autoridades suíças? Está tudo documentado. Foi entregue de
bandeja para as autoridades brasileiras.
E o perjúrio – mentira criminosa – de Cunha ao dizer sob juramento na Câmara, antes que os suíços
E o perjúrio – mentira criminosa – de Cunha ao dizer sob juramento na Câmara, antes que os suíços
o desmascarassem, que não tinha conta nenhuma no exterior?
E a expressão que Cunha utilizou, acuado, para tentar justificar as contas que deveriam levá-lo à
cadeia: usufrutuário?
Não é apenas o papel que aceita tudo. A covardia aceita ainda mais. Ou a omissão. Ou a conivência.
Não é apenas o papel que aceita tudo. A covardia aceita ainda mais. Ou a omissão. Ou a conivência.
É difícil saber onde se encaixa a atitude do STF perante Cunha: covardia, omissão ou conivência.
Pode ser também uma mistura das três coisas.
Lewandowski deu uma esmola, uma espórtula, uma migalha aos parlamentares que conversaram
Lewandowski deu uma esmola, uma espórtula, uma migalha aos parlamentares que conversaram
com ele: elogiou sua postura cidadã. E disse que vai levar o documento que lhe foi passado ao relator
do caso Cunha no STF: Teori, o gatilho mais lento do planeta. Das cinzas para as cinzas, portanto.
Ainda em 2015 Teori recebeu da Procuradoria Geral um documento que pedia o afastamento de
Cunha.
Nada fez, e nem seus colegas. O STF sequer se pronunciou sobre a qualidade das acusações do
procurador. Nos últimos dias, com o país em chamas, os juízes encontraram tempo para deliberar
sobre pipocas no cinema.
É um circo. O golpe é um grande circo. Você teve o circo da Câmara. Agora tem o circo do Senado.
É um circo. O golpe é um grande circo. Você teve o circo da Câmara. Agora tem o circo do Senado.
E como garantista de ambos há o circo do Supremo, no qual os palhaços usam capas e se escondem
por trás de latinismos como interna corporis.
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