quinta-feira, 5 de maio de 2016

O tiro na militante do MTST é um sinal do que vem por aí no Brasil?


Edilma dos Santos é socorrida depois do tiro

por : Marcos Sacramento
O atentado contra a militante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) Edilma Aparecida 
Vieira dos Santos é o prelúdio de uma tragédia que se desenha há tempos.
No início da polarização política, antes mesmo das eleições presidenciais de 2014, as ofensas 
promovidas pela direita se restringiam ao ambiente virtual, com muitas delas disfarçadas de piadas 
de mal gosto.
Sequer falava-se em fascismo. O clima aumentou e impropérios antes exclusivos das timelines do 
Facebook ou de grupos do Whatsapp passaram a ser proferidos por revoltados que não se acanhavam 
diante das câmeras.
Surgiram figuras como uma certa Deborah Albuquerque Chlaem, que após a confirmação da 
reeleição da presidente Dilma gravou um vídeo histérico no qual chama os eleitores da petista de 
“merdas”, “miseráveis”, “imbecis” e “burros”.
Em seguida teve policial federal usando a imagem da presidente em um alvo para prática de tiro e 
bonecos de Dilma e Lula enforcados em uma manifestação a favor do impeachment.
Depois vieram as hostilidades de figuras públicas nas ruas, restaurantes e até em hospitais. As 
tensões e o ódio contra a “ameaça bolivariana” pioraram a ponto de tornar perigoso o simples uso de 
uma peça de roupa vermelha.
Nos capítulos seguintes surgiram relatos de agressões físicas, como a sofrida por um casal por se 
recusar a gritar “Fora Lula” no meio de uma manifestação golpista. Ou o episódio dos fascistas 
armados de pedaços de madeira atacando manifestantes contra o impeachment, em um protesto na 
Avenida Paulista.
Então, dias depois acontece o esperado: um desses boçais que apoiam o golpe atira contra a militante 
sem teto.
O encadeamento dos fatos confirma a opinião do cientista político Roberto Amaral. Em entrevista ao 
portal Carta Maior realizada em meados do ano passado, ele disse que “o fascismo não começa pela 
sua exasperação, ele começa lento, com ofensas verbais, e depois evolui para agressões físicas e 
coletivas”.
As palavras dele se encaixam com precisão no momento atual da política brasileira. Resta aguardar o 
que virá de agora em diante.
Considerando que toda ação provoca uma reação, nem a Pollyana do livro infantojuvenil conseguiria 
ser otimista frente a esta perspectiva de dias sombrios.
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