segunda-feira, 2 de maio de 2016

O OCASO DO TRAÍRA EX DEFENSOR DA EDUCAÇÂO BRASILEIRA


Em Brasília, eleitores ‘desvotaram’ em Cristovam Buarque neste 1.o de Maio em Brasília. 
Como dizia o Brizola: a política gosta da traição e repudia os traidores. Pergunta ao Cristovam 
Buarque como é duro levar a traição nas costas...

por : Carlos Fernandes

Houve um tempo em que o senador Cristovam Buarque representava uma das raras ilhas de lucidez e 
coerência em meio a um oceano de hipocrisia, ignorância e estupidez política.
Para ele não importava o problema secular que o país enfrentasse, a educação, e só ela, era a solução 
definitiva. Não é exagero falar que Cristovam dedicou uma grande parte de sua vida em defesa de 
uma educação pública inclusiva e de qualidade para todos. Sobretudo para os menos favorecidos.
Durante muito tempo utilizou de sua erudição para divulgar a importância do ensino público, dos 
profissionais da educação e das políticas governamentais para a democratização do ensino como as 
cotas raciais e o financiamento público para estudantes pobres em universidades particulares.
É justamente em função desse histórico invejável que Cristovam Buarque é hoje a maior decepção 
entre os principais traidores da jovem e inexperiente democracia brasileira.
Que víboras como Michel Temer, Eduardo Cunha, Aécio Neves e todos os seus asseclas acampem 
no pantanoso terreno de um golpe de Estado não é surpresa alguma. Mas alguém com as credenciais 
de CB aderir a um expediente tão avesso à democracia e à Constituição Federal é realmente 
desalentador.
Não é à toa que está em curso no Distrito Federal um dos movimentos mais impressionantes e 
conscientes de agravo a um político feito exatamente pelos eleitores que o elegeram.
A outrora referência de dignidade, Cristovam Buarque, agora é alvo de uma campanha de 
“desvotação”. Nem Eduardo Cunha, um energúmeno, conseguiu tamanha desonra.
A revolta com que os cidadãos que votaram em Cristovam acreditando ser ele um porto seguro 
contra toda essa insanidade é gritante. É enorme a desilusão dos movimentos sociais que o ajudaram 
durante tanto tempo a estar no lugar de destaque que ocupa atualmente.
As evidências do descontentamento já são claras. O senador foi hostilizado recentemente numa 
livraria. Entre palavras de ordem, foi obrigado a ouvir de pessoas que provavelmente nutriam grande 
afeto por ele o estigma de “fascista” e “golpista”.
É inegável que o Brasil de transformou numa grande dicotomia ideológica. Chega a ser deprimente 
constatar que CB optou por opor-se ao lado onde se encontram todos os movimentos sociais, todos 
os partidos políticos de esquerda, a Organização dos Estados Americanos – OEA, a Organização das 
Nações Unidas -ONU, toda a imprensa internacional especializada, um vencedor do Pulitzer, um 
Nobel da Paz e até o Papa mais socialista da história recente da Igreja Católica.
Mais deprimente ainda é constatar que o homem que defendia a educação agora é defensor de um 
governo ilegítimo que, ao que tudo indica, trará um crápula como José Serra para o Ministério da 
Educação. Na prática é impor o desastre do governo Alckmin nesse setor a todo o país.
Trocando em miúdos – para não deixar Chico Buarque fora dessa discussão em que o outro Buarque 
faz um papel tão abjeto – Cristovam nega, descaradamente, Darcy Ribeiro, talvez o maior educador 
da história desse país.
É imprevisível saber como Dilma Roussef sairá dessa monstruosidade a que está sendo submetida. 
Mas uma coisa é certa. Ou Cristovam Buarque retorna urgentemente às suas origens ou um dos 
maiores perdedores de toda essa história será exatamente ele. Depois, é claro, da democracia e de 
toda a população brasileira.
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