Conversa do senador licenciado Romero Jucá admite "esquema de [corrupção de] Aécio" e
Temer como solução para "estancar" Lava Jato. Janot, desde quando a PGR tem a gravação
de Jucá? O STF sabia? Quem escondeu a treta?
Até agora faltam informações importantes para avaliar até que ponto a Procuradoria Geral da
República e o Supremo Tribunal Federal se omitiram diante das evidências da articulação
golpista. Fica evidente, nos textos degravados, que o diálogo ocorreu antes das votações sobre o
processo de impeachment.
Quando? Quando chegou à Procuradoria? A PGR levou a gravação a Teori Zavascki, relator
da Lava Jato?Ou Janot e Teori não fizeram nada porque não sabiam ( mesmo que poucos venham a
acreditar nisso)ou sabiam e não fizeram nada, deixaram ir avante os planos de ruptura da
legalidade. São, neste caso, cúmplices dela, inapelavelmente.
Não há “segredo de Justiça” que se justifique, menos ainda quando permitiram que o Juiz
Sérgio Moro divulgasse, de ligeiras horas, um diálogo infinitamente menos comprometedor
entre Lula e Dilma, que foi o suficiente para Janot considerar “obstrução da Justiça”.
E um senador, agora ministro do núcleo central do governo de usurpação, dizer que estava
“conversando” ministros do Supremo para concordarem com a remoção da Presidenta, o que
é? Como questiona meu colega Fernando Molica, de O Dia, não é lícito “supor que o resultado
da votação do impeachment teria sido outro caso os diálogos tivessem sido divulgados antes”?
Não se iludam suas excelências: por mais que a mídia brasileira não lhes faça perguntas
incômodas, o mundo as fará.
Jornal GGN - Em conversa interceptada por investigadores da Lava Jato, o então senador e atual ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) defendeu a mudança de governo "para estancar a sangria" das investigações, afirmou que "Michel é a solução" e admitiu que "viveu" o esquema de corrupção do senador tucano Aécio Neves. O GGN não obteve o acesso à interceptação telefônica, mas apurou que na última quinta-feira (19), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, recebeu em seu gabinete os quatro últimos volumes do processo, que incluem o grampo de Romero Jucá e o depoimento do ex-presidente Lula ao MPF.
De acordo com a Folha de S. Paulo, único diário que obteve o áudio, Jucá conversou com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e revelou o cenário que atinge todos os partidos em esquemas de corrupção na Lava Jato. "Todo mundo [está] na bandeja para ser comido", assim descreveu o senador licenciado.
A preocupação inicial do diálogo partiu de Sérgio Machado, que foi do PSDB antes de se filiar ao partido de Jucá e de Temer. "O primeiro a ser comido vai ser o Aécio [Neves]. O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe?", questionou. "Quem não conhece o esquema do Aécio?", frisou Machado. "É, gente viveu tudo", confirmou Jucá.
O ex-presidente da Transpetro seguiu com a narrativa: "o que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele [Aécio] ser presidente da Câmara?". O senador tucano foi presidente da Câmara dos Deputados entre 2001 e 2002.
Para Jucá, um governo de Michel Temer seria a solução para a "situação grave" da Lava Jato, da qual "querem pegar todo mundo", acabando "com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta pura".
Na conversa, o senador licenciado ainda criticou a posição de Renan Calheiros, que era contra o governo do atual interino. "Só Renan que está contra essa porra. Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha. Gente, esquece o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha está morto, porra", destacou Jucá.
"Porra, o Michel, é uma solução que a gente pode, antes de resolver, negociar como é que vai ser. Michel, vem cá, é isso e isso, isso, vai ser assim, as reformas são essas", disse o atual ministro do Planejamento, mostrando a influência que teria sobre o governo Temer.
Durante a conversa que foi gravada de forma oculta, para as investigações da Lava Jato nas mãos da Procuradoria-Geral da República, Machado e Romero Jucá mostraram receio de as investigações caírem nas mãos do juiz da Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro. Para evitar isso, o atual ministro apontou como saída uma interferência política.
"Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", disse Jucá, completando: "Eu acho que a gente precisa articular uma ação política", em referência ao afastamento de Dilma, que ocorreria semanas depois do diálogo.
As interceptações telefônicas envolvendo o senador licenciado ocorreram no âmbito do inquérito 3989, o processo "mãe" da Lava Jato que envolve políticos, com foro privilegiado, e o único não arquivado que ainda irrompe sobre Jucá. As acusações são de lavagem de dinheiro, ocultação de bens, crimes contra a administração, corrupção passiva, crimes contra a paz pública e formação de quadrilha.
Nesse processo, estão 39 investigados, com destaque para nomes de peso do PMDB, incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros. A pedido da Procuradoria-Geral da República, com base na delação do senador Delcídio do Amaral, o Supremo incluiu no mesmo inquérito menções ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à presidente afastada Dilma Rousseff e ao interino Michel Temer, no último dia 20 de abril.
Até então, as investigações que envolviam os 39 acusados haviam gerado 12 volumes de peças do processo. O 13o volume do inquérito foi criado no dia 10 de setembro de 2015, já mirando no ex-presidente. O depoimento que Lula prestou aos investigadores da Lava Jato, no dia 4 de março deste ano, completou essa parte dos autos.
Outros quatro volumes foram produzidos desde então pela PGR. Dentre eles, está a gravação da conversa entre Jucá e Machado. E o acompanhamento processual do inquérito 3989 indica que tanto o depoimento prestado por Lula, quanto o grampo de Jucá foram enviados ao gabinete do ministro relator, Teori Zavascki, no dia 19 de maio, última quinta-feira (19).
E apesar de as citações de Delcídio a Dilma, Lula e Temer integrarem a investigação-mãe da Lava Jato, seus nomes não foram incluídos como investigados. Já o de Jucá e caciques do PMDB seguem na mira dos investigadores. E ainda não há informações se o primeiro inquérito contra Aécio Neves (PSDB-MG), que foi arquivado no ano passado, será reaberto.
A preocupação inicial do diálogo partiu de Sérgio Machado, que foi do PSDB antes de se filiar ao partido de Jucá e de Temer. "O primeiro a ser comido vai ser o Aécio [Neves]. O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe?", questionou. "Quem não conhece o esquema do Aécio?", frisou Machado. "É, gente viveu tudo", confirmou Jucá.
O ex-presidente da Transpetro seguiu com a narrativa: "o que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele [Aécio] ser presidente da Câmara?". O senador tucano foi presidente da Câmara dos Deputados entre 2001 e 2002.
Para Jucá, um governo de Michel Temer seria a solução para a "situação grave" da Lava Jato, da qual "querem pegar todo mundo", acabando "com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta pura".
Na conversa, o senador licenciado ainda criticou a posição de Renan Calheiros, que era contra o governo do atual interino. "Só Renan que está contra essa porra. Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha. Gente, esquece o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha está morto, porra", destacou Jucá.
"Porra, o Michel, é uma solução que a gente pode, antes de resolver, negociar como é que vai ser. Michel, vem cá, é isso e isso, isso, vai ser assim, as reformas são essas", disse o atual ministro do Planejamento, mostrando a influência que teria sobre o governo Temer.
Durante a conversa que foi gravada de forma oculta, para as investigações da Lava Jato nas mãos da Procuradoria-Geral da República, Machado e Romero Jucá mostraram receio de as investigações caírem nas mãos do juiz da Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro. Para evitar isso, o atual ministro apontou como saída uma interferência política.
"Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", disse Jucá, completando: "Eu acho que a gente precisa articular uma ação política", em referência ao afastamento de Dilma, que ocorreria semanas depois do diálogo.
As interceptações telefônicas envolvendo o senador licenciado ocorreram no âmbito do inquérito 3989, o processo "mãe" da Lava Jato que envolve políticos, com foro privilegiado, e o único não arquivado que ainda irrompe sobre Jucá. As acusações são de lavagem de dinheiro, ocultação de bens, crimes contra a administração, corrupção passiva, crimes contra a paz pública e formação de quadrilha.
Nesse processo, estão 39 investigados, com destaque para nomes de peso do PMDB, incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros. A pedido da Procuradoria-Geral da República, com base na delação do senador Delcídio do Amaral, o Supremo incluiu no mesmo inquérito menções ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à presidente afastada Dilma Rousseff e ao interino Michel Temer, no último dia 20 de abril.
Até então, as investigações que envolviam os 39 acusados haviam gerado 12 volumes de peças do processo. O 13o volume do inquérito foi criado no dia 10 de setembro de 2015, já mirando no ex-presidente. O depoimento que Lula prestou aos investigadores da Lava Jato, no dia 4 de março deste ano, completou essa parte dos autos.
Outros quatro volumes foram produzidos desde então pela PGR. Dentre eles, está a gravação da conversa entre Jucá e Machado. E o acompanhamento processual do inquérito 3989 indica que tanto o depoimento prestado por Lula, quanto o grampo de Jucá foram enviados ao gabinete do ministro relator, Teori Zavascki, no dia 19 de maio, última quinta-feira (19).
E apesar de as citações de Delcídio a Dilma, Lula e Temer integrarem a investigação-mãe da Lava Jato, seus nomes não foram incluídos como investigados. Já o de Jucá e caciques do PMDB seguem na mira dos investigadores. E ainda não há informações se o primeiro inquérito contra Aécio Neves (PSDB-MG), que foi arquivado no ano passado, será reaberto.
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