A Facção dos Irmãos Metralhas
Blog do RovaiO Jornal Nacional de ontem foi fruto de uma intensa negociação, é o que revela uma fonte do blogue.
O áudio da conversa entre Romero Jucá e Sérgio Machado fez com que os luas pretas da Central
Globo de Jornalismo trocassem inúmeras mensagens e realizassem uma reunião de emergência logo
cedo.
A primeira decisão foi esperar para ver qual seria a repercussão. E pela manhã tanto a GloboNews
quanto o G1 trataram do assunto de forma suave e sem muito destaque.
Na Globo, porém, a avaliação era de que não havia saída para o agora licenciado ministro do
Planejamento. E a mensagem foi enviada para Temer através de Wellington Moreira Franco.
O carioca não precisava ser convencido.Teria dito que iria buscar convencer Jucá a se afastar ou
renunciar ao cargo, mas que não seria uma tarefa tão simples.
Durante o dia a Globo foi cobrindo o tema de uma maneira bem menos explosiva do que, por
exemplo, o áudio vazado do ex-senador Delcídio. Ou do grampo ilegal da conversa entre Lula e
Dilma.
Só ao final da tarde, quando a solução do afastamento de Jucá já havia sido negociada por Temer é
que se decidiu por fazer um Jornal Nacional onde o caso teria destaque relevante. E que se liberou os
âncoras e comentaristas da GloboNews para que pudessem tratar de forma mais intensa do assunto.
Até aí, nada muito surpreendente. A não ser pelo fato de que o sinal de que não seria necessário
aliviar para Jucá teria partido da equipe de Temer, segundo a fonte do blogue.
A avaliação dos que fizeram a ponte com a Globo era a de que o tratamento da saída de Jucá não
deveria ser o de um simples afastamento, mas o de uma demissão, para que Temer não saísse tão
desgastado.
Não foi à toa que a apresentadora do JN, RenAnta Vasconcellos, abriu a nota sobre o caso fazendo
bico para falar que Jucá foi “e-xo-ne-ra-do”.
E que o presidente interino apareceu no meio da reportagem dizendo ao repórter da GloboNews “que
tudo iria se resolver e que estava tudo tranquilo”.
A narrativa que ficou acordada era de preservar Temer e rifar Jucá.
E por isso, o restante do bloco, não por acaso o último, foi dedicado a noticiar os principais trechos
do áudio da conversa divulgada pela Folha, evitando repercutir muito o assunto e a crise que o áudio
gerou.
Antes, porém, houve tempo para falar muito da crise da Venezuela e do caso que pode levar o
governador de Minas, Fernando Pimentel, a ser cassado.
Segundo a fonte deste blogue, Jucá percebeu que seria rifado e falou grosso na reunião que teve com
Moreira Franco e Eliseu Padilha. E num momento mais explosivo teria dito que se fosse jogado ao
mar poderia fazer o mesmo que Sérgio Machado, referindo-se a delação que o ex-presidente da
Transpetro negociou.
Também não por acaso, ontem, depois disso tudo acontecer e quando dava uma entrevista
conturbada no Congresso que um repórter da GloboNews se aproximou dele e perguntou à queima
roupa:
– O senhor está pensando em fazer delação premiada?
Jucá ficou atordoado e saiu sem responder. Mas a pergunta não estava fora de contexto. Teria sido
pedida por um dos editores ao jovem jornalista.
Era um aviso para Jucá dos seus amigos do PMDB de que a ameaça já havia vazado. E de que a
Globo não iria preservá-lo.
Jucá não tem mais condições de voltar ao governo e sabe disso. O que ele busca agora é se livrar da
prisão. E para que isso não aconteça ele vai precisar da Globo e da mídia que citou como parte da
articulação do impeachment. Por isso, muito provavelmente, mesmo tendo entendido tudo que lhe
aconteceu, vai ficar quieto. Mas só se escapar. Caso não, toda essa operação pode virá à tona e ainda
com um número muito maior de detalhes.
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