quarta-feira, 25 de maio de 2016

BANDO DE GANGSTERES.... É O QUE O MUNDO AFORA PENSA DO GOVERNO TEMER



Do Terra

A “sangria” provocada pela Operação Lava Jato é destaque nos jornais europeus nesta terça-feira
(24/05), um dia depois de o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), ter se licenciado 
do cargo.
O termo foi usado pelo ministro ao dizer que era necessário “estancar” os efeitos das investigações 
da Polícia Federal. A gravação da conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado foi 
revelada na segunda-feira pelo jornal Folha de S.Paulo .
Numa análise repleta de questionamentos, o correspondente do jornal alemão Die Zeit Thomas 
Fischermann diz que a política brasileira parecia estar calma até que aFolha estourou a bomba: “O 
jornal recebeu gravações que fazem o governo de transição parecer gângster”, afirma no texto 
intitulado “O complô de Brasília”.
“Se o Brasil se acalmou? Um escândalo político joga o recém-formado governo de transição numa 
crise”, escreve o jornalista, que lança questionamentos como: “Governo ou um bando de gângsters?”
“Pode-se ainda acreditar nas boas intenções de um governo de transição para a ‘salvação da pátria’ 
que rege em Brasília desde a saída de Rousseff?”, continua. “Ou a presidente afastada tinha razão, e 
está no poder uma espécie de junta que apenas quer esconder os próprios crimes?”
O texto destaca que os brasileiros já sabiam que um escândalo deveria acontecer, já que muitos 
ministros estão envolvidos em corrupção. “Inquéritos e investigações de corrupção estão em 
andamento contra eles (os políticos)”, diz.
O Die Zeit cogita até ser possível que Dilma volte ao poder após os 180 dias de afastamento, porque 
a maioria do Senado que votou pelo seu afastamento pode mudar de ideia em meio a este escândalo e 
outros que podem vir. Mas as investigações sobre as “pedaladas fiscais” e a falta de apoio a ela no 
Congresso podem fazer que, com uma pitada de azar, ela deixe novamente o Palácio do Planalto.
O Frankfurter Allgemeine Zeitung diz que em menos de duas semanas o governo interino já foi 
“abalado”. O jornal alemão destaca que Jucá é um homem próximo de Temer e um importante 
membro da equipe econômica do governo interino, que prepara um amplo programa de austeridade.
O inglês The Guardian diz que a credibilidade do governo interino foi colocada em xeque com a 
revelação de um “plano maquiavélico” para afastar a presidente Dilma Rousseff. E prevê que esse 
não será a último golpe que vai atingir Temer, já que seu gabinete é composto por ministros 
investigados pela Lava Jato.
O jornal britânico afirma que “as motivações dúbias e a natureza maquiavélica da trama para retirar 
Dilma Rousseff do poder ficam aparentes na transcrição da conversa” entre Jucá e Machado e que 
Temer pouco fez para reduzir a tensão no país.
“Seu gabinete todo branco e masculino foi duramente criticado por não representar o país, suas 
medidas de austeridade são impopulares e seu líder já voltou atrás da decisão de tirar da Cultura o 
status de ministério após protestos de artistas, músicos e cineastas”, escreve o correspondente 
Jonathan Watts.
A publicação destaca o temor de que o novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que já foi 
defensor de Cunha, tente interferir nas investigações da Polícia Federal e que o governo interino 
tente influenciar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como sugerem os áudios da conversa.
O espanhol El País ressalta que bastaram apenas 11 dias para o governo interino de Temer sofrer sua 
primeira baixa. As gravações insinuam que a saída de Dilma ajudaria a frear as investigações 
anticorrupção.
“Em suas palavras, vieram um mau presságio a respeito do novo Executivo: que, apesar de o 
governo interino insistir num discurso de renovação contra a corrupção estabelecida no Partido dos 
Trabalhadores (PT), o que se pretende na realidade é minimizar o caso Petrobras, que afeta vários 
partidos, incluindo o presidente Temer”, escreve o jornal espanhol.
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