sexta-feira, 6 de maio de 2016

Afastamento tardio do Cunha evidencia o banditismo do impeachment


A decisão do STF não mudará um único voto do STF na hora de dar o Golpe contra a 
Dilma. A decisão do STF não mudará um voto do Senado para impeachar a Dilma. A decisão 
do STF não mudará a decisão do Janot de prender o Lula e, agora, a Dilma. A decisão do STF 
não muda o objetivo do juiz Moro, que é prender o Lula e, agora, a Dilma. A decisão do STF 
não muda a natureza do Golpe: ferrar o povo como em 1964. A decisão do STF não devolve 
ordem ou lei ao caos. Reina a mais absoluta insegurança jurídica e quando a areia se move na 
praia da Casa Grande quem se ferra é o povo.



Ganha uma viagem à lua com direito a um passeio sideral quem descobrir algum motivo que 
não existia em 15 de dezembro de 2015 e que passou a existir neste 5 de maio de 2016 para o 
juiz do STF Teori Zavascki finalmente determinar o afastamento de Eduardo Cunha da 
Presidência da Câmara dos Deputados.



por Jeferson Miola

Em 15 de dezembro de 2015, o Ministério Público pediu ao STF o afastamento de Cunha, cuja 
extensa ficha criminal já era de conhecimento público.
Apesar de ser réu na justiça, Cunha não só manteve o mandato parlamentar como foi preservado na 
Presidência da Câmara dos Deputados para acelerar o golpe de Estado.
A decisão do Teori chegou, portanto, com 125 dias de um atraso que parece ser intencional, 
deliberado. Neste intervalo de tempo, devido a esta complacência inaceitável, o mandato legítimo 
conferido à Presidente Dilma por 54.501.118 votos foi alvejado por um golpe de Estado perpetrado 
por uma "assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha", como 
relatou a imprensa internacional.
No artigo "o STF na engrenagem golpista", dissemos que a cumplicidade ativa – ou a cumplicidade 
por acovardamento – do STF com o golpe prova que a justiça não só tarda, mas também falha. No 
caso do impeachment sem crime de responsabilidade, o resultado da falha da justiça não é apenas a 
injustiça, mas é um golpe contra a Constituição e contra o Estado Democrático de Direito. O STF é 
parte da engrenagem golpista. Alguns juízes que integram a Suprema Corte atuam partidária e 
ativamente em favor da dinâmica golpista. Outros juízes, ainda que não atuem abertamente pelo 
golpe, porém com seus silêncios, imobilismos e solenidades, também favorecem a perpetração do 
golpe.
A decisão do juiz Teori, que em dezembro de 2015 seria saudada e festejada como a afirmação da 
ordem jurídica e da moralidade pública, infelizmente é recebida neste 5 de maio de 2016 com um 
misto de decepção, nojo e descrença nas instituições.
Cunha deveria ter sido afastado, cassado e condenado à prisão há muito tempo. Contudo, deixaram-
no livre para destruir o bem mais valioso de uma democracia, que é o mandato popular de Presidente 
da República.
O afastamento dele, ocorrido somente hoje, e sem evidências diferentes daquelas que já existiam 
previamente, é mais uma prova de que a aprovação do processo de impeachment da Presidente 
Dilma não passou de um ato de banditismo comandado por um bandido.
O mundo inteiro sabe que está em andamento um golpe de Estado no Brasil; que o impeachment é 
um atentado contra a Constituição e o Estado Democrático de Direito.
É por isso que os golpistas tentam, desesperadamente, mascarar uma fachada limpa do pós-golpe. 
Afastar Cunha é uma tentativa inútil de higienizar um pouco o chiqueiro do regime golpista.
Com a iminência de completarem a farsa do impeachment no Senado, os golpistas têm pressa em se 
livrar do fardo chamado Eduardo Cunha para diminuir o constrangimento do principal sócio dele na 
empreitada golpista, o conspirador Michel Temer.
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