sábado, 30 de abril de 2016

DRAUZIO VARELLA E A VOTAÇÃO DO GOLPE: SENTI VERGONHA DE SER BRASILEIRO


"Pela primeira vez em 70 anos senti vergonha de ser brasileiro. Culpa da TV, que me manteve 
hipnotizado na frente da tela, enquanto transmitia a votação do impeachment na Câmara, 
duas semanas atrás", diz o médico e escritor Drauzio Varella, sobre a votação de 17 de abril; 
"Todos sabem que é lamentável o nível da maioria de nossos deputados, mas vê-los em 
conjunto despejando cretinices no microfone foi assistir a um espetáculo deprimente 
protagonizado por exibicionistas espertalhões, travestidos em patriotas tementes a Deus"

247 – O dia 17 de abril de 2016, em que a Câmara dos Deputados, liderada pelo deputado Eduardo 
Cunha (PMDB-RJ), votou o impeachment da presidente Dilma Rousseff fez com o médico e escritor 
Drauzio Varella sentisse vergonha de ser brasileiro.
"Pela primeira vez em 70 anos senti vergonha de ser brasileiro. Culpa da TV, que me manteve 
hipnotizado na frente da tela, enquanto transmitia a votação do impeachment na Câmara, duas 
semanas atrás", diz ele, em artigo publicado neste sábado (leiaaqui).
"Não posso alegar desconhecimento, ingenuidade ou espanto, vivo no Brasil e acompanho a política 
desde criança. Todos sabem que é lamentável o nível da maioria de nossos deputados, mas vê-los em 
conjunto despejando cretinices no microfone foi assistir a um espetáculo deprimente protagonizado 
por exibicionistas espertalhões, travestidos em patriotas tementes a Deus", afirma. "Votavam o 
impeachment de uma presidente da República como se estivessem num programa de auditório, 
preocupados somente em impressionar suas paróquias e vender a imagem de mães e pais 
amantíssimos."
Segundo ele, acreditar na democracia brasileira agora passa a ser um ato de fé. "E pensar que aqueles 
homens brancos enfatuados, com gravatas de mau gosto, os cabelos pintados de acaju e asa de 
graúna, com a prosperidade a transbordar-lhes por cima do cinto, passaram pelo crivo de 90 milhões 
de eleitores que os escolheram para representá-los. Para aqueles que não viveram como nós as trevas 
da ditadura, manter a crença na democracia brasileira chega a ser um ato de fé", afirma.
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