terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Petistas vão ceder à chantagem de Cunha, para evitar que ele peça impeachment de Dilma, ou pagarão para ver?


Sinuca de bico

por Wagner Iglecias

Há trinta anos o PT tinha uma bancada de apenas 8 deputados federais. O Brasil, na época regido 
pela Constituição imposta pela ditadura militar em 1967, ainda elegia o presidente da república pelo 
chamado Colégio Eleitoral, no qual só votavam deputados federais e senadores.
Por ampla maioria o Diretório Nacional petista decidiu por boicotar aquela votação. Mas três 
deputados furaram o boicote e votaram na chapa Tancredo Neves / José Sarney. Tancredo, avô de 
Aécio Neves, concorria contra Paulo Maluf, ex-governador de SP.
A eventual vitória de Maluf seria, na visão de alguns, o adiamento da volta da democracia e uma 
espécie de continuidade do regime militar, ainda que sob comando de um civil. Os três petistas que 
votaram em Tancredo acabariam expulsos do partido pouco depois.
Hoje, trinta anos depois, o PT, com uma bancada muito maior que aquela de 1985, e já bem diferente 
daquele pequeno partido de trinta anos atrás, se depara com uma terrível coincidência: tem três 
deputados com direito a voto no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
A pauta desta vez não é a eleição do presidente da República, mas a continuidade ou não do processo 
que investiga o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e que pode resultar na sua 
cassação.
Se votarem pela interrupção do processo os três deputados petistas ajudarão a enterrar o que ainda 
resta da credibilidade do partido. Serão acusados nos jornais de amanhã de terem sido responsáveis 
pela manutenção de um corrupto à frente do terceiro cargo mais importante da República. Atrairão 
ainda maior ódio da opinião pública midiatizada contra o partido.
Se votarem pela continuidade do processo abrirão caminho para que Cunha seja julgado e cassado, e 
com isso terão de arcar com o custo de Cunha aliar-se novamente à oposição capitaneada por Aécio 
Neves, neto de Tancredo, e deflagar o processo de impeachment de Dilma, essa ideia fixa do PSDB e 
afins, sedentos para retomar o controle do Estado brasileiro e impor ao país uma agenda ainda mais a 
direita do que esta agenda de Dilma.
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