Luis Nassif
Nunca foi tão difícil prever cenários para o país como agora.
Em geral montam-se cenários identificando duas ou três variáveis-chave e um duas possibilidades, no máximo três para cada uma.
Hoje em dia, a quantidade de variáveis indefinidas é inédita.
- Quanto tempo mais perdurará a crise política e quais seus efeitos sobre as tentativas de impeachment?
- A Comissão de Justiça da Câmara dará ou não aval para o julgamento de Eduardo Cunha pela casa? Dando, haverá votação aberta ou fechada? Sendo fechada, ele será condenado ou absolvido?
- Sendo condenado ou absolvido qual será o encaminhamento que dará aos pedidos de impeachment da Presidente?
- Com a prisão de Delcídio Amaral, qual será a solução de continuidade das articulações do governo?
- No festival de delações em curso, por quanto tempo ainda serão blindadas as lideranças da oposição? Se Aécio Neves e José Serra forem engolfados pelas delações, como ficará a oposição?
- Quais os desdobramentos para a situação – e para Lula - de uma eventual delação de Delcídio Amaral?
- Que outros políticos ou Ministros do STF foram mencionados por Delcídio nos demais grampos que ainda não foram divulgados?
- Saindo o pacote fiscal, em quanto tempo se recompõem as finanças públicas?
- Não saindo, como estará a situação dos estados a partir de abril, quando cessam os efeitos da arrecadação do IPVA?
- O fator Dilma: qual o seu fôlego para recompor a governabilidade em caso de aumento ou redução da crise política?
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Desse conjunto vasto de alternativas têm que emergir duas saídas para a crise:
- Recomposição da base de apoio político permitindo aprovar uma saída fiscal.
- Dilma Rousseff começar a governar.
Essa barafunda de alternativas mostra nitidamente o tamanho da crise institucional.
O Congresso converteu-se em um arquipélago de grupos sem rumo e sem liderança. O mesmo ocorre com os diversos partidos políticos, alguns na defensiva, outros na ofensiva, mas todos prisioneiros de interesses imediatos e paroquiais.
A exposição das vísceras do presidencialismo de coalisão não poupa ninguém, nem governo nem oposição.
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Por outro lado, todo o aparato judicial – Ministério Público, Polícia Federal e tribunais em geral – não parece disposto a nenhum tipo de trégua, alguns claramente aliados com a mídia, outros inibidos pelo chamado clamor das ruas.
O destempero da Ministra Carmen Lucia, do STF, é uma demonstração clamorosa de que o show midiático penetrou em todos os poros do poder.
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Daqui para a frente, há que se aguardar e iniciar a contagem regressiva para dois eventos.
O primeiro, é a calmaria de fim de ano, com o recesso parlamentar. A segunda são os efeitos do vácuo fiscal em 2016.
Os estados conseguem garantir o primeiro trimestre com a arrecadação do IPVA. A partir de abril, a crise fiscal pode bater pesado nos estados e municípios. Muitos deles serão incapazes de pagar a própria folha.
Se não se conseguir virar o ano com perspectivas otimistas mínimas, as comportas do desemprego serão abertas.
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Não se sabe o que poderá interromper essa marcha da insensatez. Uma hora cairá a ficha geral para interromper essa marcha da insensatez. A incógnita é quanto mais a crise terá que se aprofundar para se chegar ao bom senso.
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