quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O JUZ MORO E OS DOIS LADRÔES



Já o blog hoje está meio teatral, mais um espetáculo em cartaz esta semana: a anunciada acareação 
entre Fernando BaianoSoares e Paulo Roberto Costa.
Dois ladrões confessos, cada um à procura de maiores favores do juiz Sérgio Moro, a exemplo de 
Alberto Youssef, que ontem teve mais uma “condenação zero” no processo em que o magistrado das 
camisas negras – esperemos que suas referências na Itália se limite às “Mãos Limpas” – sentenciou 
os dirigentes da empreiteira Mendes Júnior. Youssef, como se sabe, pegou cinco e anos e nada mais, 
mesmo que confesse ter roubado 200 vezes.
O mais provável é que, através de suas defesas, seja armada uma “conta de chegar”, aparando as 
arestas entre uma e outra delação.
Mas, se permanecerem as contradições insanáveis entre as histórias contadas por ambos, estaremos 
diante da seguinte situação paradoxal: pelo menos um, senão os dois, dos mais importantes pilares da 
Operação Lava Jato estarão completamente abalados.
A corrupção só tem uma e irrefutável prova: o dinheiro, o enriquecimento sem causa e, 
preferencialmente, clandestino em troca de algum ato ilegal praticado.
Mas estamos assistindo situações fantásticas.
Como por exemplo, a de Pedro Barusco, que conta no seu depoimento, em vídeo, que ganhava 
milhões para não fazer nada, nem ameaçando qualquer empresa. Pura benemerência de quase US$ 
100 milhões! O Dr. Moro aceita a tese, placidamente.
Já a declaração do ex-vice-presidente da Mendes Júnior, Sergio Cunha Mendes de que pagou propina 
porque foi extorquido por Paulo Roberto Costa, ameaçado de perder contratos é descartada sob o 
argumento de que quem é extorquido procura a Polícia. Neste caso, portanto, não haveria extorsão 
no mundo, não é?
O dispositivo legal de que ninguém será condenado com base exclusivamente em delações 
premiadas é contornado com a anexação de alguns pagamentos daqui e dali e pronto.
Viramos uma delegacia do sertão, com uma versão “cool” do “pendura ele até falar” e da confissão 
se constrói todo o caso.
Costa diz que Baiano operava para o PMDB; Baiano diz que Costa escondeu dinheiro para fruir 
depois do “pega-leve” de Moro. 
Um já está em sua casa, num condomínio de luxo na Barra. O outro sai por estes dias, para retomar
suas atividades de “malhar” compulsivamente.
Ninguém pobre, ninguém falido, ninguém separado dos seus.
Ah, e com a quase certeza de que não será fácil reformar qualquer sentença destas que saem em série
de Curitiba: que juiz vai querer ser execrado pela imprensa, ter sua vida pessoal vasculhada e acabar
desmoralizado diante da ditadura do Supremo Tribunal da Mídia, onde a palavra de ladrões é o
quanto basta para tudo?
E o Dr. Moro, do alto de sua obra de demolição da maior empresa brasileira, orgulhando-se de dizer
que “a corrupção era a regra do jogo” na Petrobras, fazendo tábula rasa entre dois ladrões “de
carreira” e 90 mil funcionários de uma das mais qualificadas empresas do Brasil?
E se nós pegássemos o exemplo daquele juiz Casem Mazloum e deste outro que desfilava com o
Porsche apreendido do empresário Eike Batista e disséssemos que a bandalha é a regra do jogo na
Justiça Federal?
O Dr. Moro, na sua obsessão de se tornar o homem das “Mãos Limpas” tupiniquim está impondo ao
Brasil o impensável.
E o encontro dos dois ladrões, esta semana, será mais um capítulo desta ópera bufa.
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