NA ELEIÇÃO Deputados da comissão de barragens receberam R$ 587 mil de mineradoras
Juntos, os nove titulares da Comissão Extraordinária de Barragens receberam R$ 587 mil em
doações diretas ou indiretas de mineradoras na última campanha eleitoral
TÂMARA TEIXEIRA, no jornal O Tempo
O maior impacto ambiental no Estado, as mortes causadas em função do rompimento das barragens de Bento Rodrigues e o sofrimento das famílias atingidas em Minas não conseguiram superar o lobby das mineradoras na Assembleia. Os deputados desistiram de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o desastre de Mariana e a situação das demais barragens em operação em Minas. O Colégio de Líderes decidiu criar, no lugar da CPI, a Comissão Extraordinária das Barragens. Juntos, os nove titulares dessa comissão receberam R$ 587 mil em doações diretas ou indiretas de mineradoras na última campanha.
Na prática, a discussão do assunto perde força na Casa. No caso de uma CPI, os deputados teriam poder de investigar, quebrar o sigilo dos investigados e garantir – se preciso com o uso da força policial – que os intimados para depor comparecessem à Assembleia.
Entre os membros da comissão, o que mais recebeu doação de mineradoras foi Gustavo Corrêa (DEM). Ao todo foram R$ 239,9 mil vindos da Anglogold, Empresa de Mineração Esperança, Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), e da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). Thiago Cota (PPS), filho do ex-prefeito de Mariana Celso Cota, recebeu R$ 111 mil da CBMM, Phoenix Mineração e Comércio, Mineração Corumbaense Reunida e MBR. Gil Pereira (PP) contou com R$ 180 mil da MBR e da Mineração Corumbaense Reunida. João Magalhães (PMDB) recebeu R$ 50 mil da Embu S/A Engenharia e Comércio. A reportagem considerou os parlamentares que receberam acima de R$ 10 mil.
Nos bastidores, nomes da base e da oposição confirmam que a pressão das mineradoras foi maior que a mobilização para colher assinaturas para a CPI. Os deputados chegaram a reunir 40 nomes para protocolar a abertura da CPI. O número foi superior aos 26 necessários para instaurar a investigação.
Oficialmente, a Assembleia informou que a Comissão Extraordinária seria mais eficaz porque “continuará atuando durante o recesso parlamentar” e porque ela apresenta a “possibilidade de centrar seus esforços nas questões que envolvem a atividade minerária como um todo, em vez de focar em um assunto específico”. A intenção da CPI, no entanto, já era apurar possível irregularidades em outras obras de mineração, além da operada pela Samarco, em Mariana.
No mesmo jornal, “no ano passado, dos cerca de R$ 54 milhões que ela [Samarco] pagou em royalties pela exploração em território mineiro, R$ 20,22 milhões ficaram em Mariana. O que a cidade recebeu é menos de 1% (0,72%) do lucro líquido da mineradora em 2014. Os acionistas receberam R$ 1,81 bilhão, ou seja, cerca de 65%, segundo relatório de administração e demonstrações financeiras de 2014″.
Por serem parcial ou totalmente privatizadas, Petrobras e Vale (ambas na gestão de FHC) — assim como Sabesp, Cemig e muitas outras — obedecem à lógica de colocar o lucro dos acionistas acima de qualquer outra consideração. Preço alto do minério? Tira tudo para fazer caixa. Preço baixo? Tira tudo para enfrentar os competidores e não perder mercado. Isso envolve precarizar o trabalho (a grande maioria dos empregados da Samarco é de terceirizados) e correr riscos sem considerar o interesse público. Por que faltou água em São Paulo? Porque a Sabesp tratou de priorizar os acionistas e não fez os investimentos necessários quando deveria ter feito. Agora, falta água mas ela aumentou o preço… para satisfazer os acionistas. Veja aqui quem são os acionistas da Sabesp. É isso aí: os interesses dos investidores estrangeiros, da Bolsa de Nova Yor, colocados acima dos interesses nacionais e do contribuinte brasileiro. Quanto ao R$ 1 bilhão calculado como custo ambiental do que está acontecendo nos rios do Carmo e Doce, deve ser alguma piada…
TÂMARA TEIXEIRA, no jornal O Tempo
O maior impacto ambiental no Estado, as mortes causadas em função do rompimento das barragens de Bento Rodrigues e o sofrimento das famílias atingidas em Minas não conseguiram superar o lobby das mineradoras na Assembleia. Os deputados desistiram de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o desastre de Mariana e a situação das demais barragens em operação em Minas. O Colégio de Líderes decidiu criar, no lugar da CPI, a Comissão Extraordinária das Barragens. Juntos, os nove titulares dessa comissão receberam R$ 587 mil em doações diretas ou indiretas de mineradoras na última campanha.
Na prática, a discussão do assunto perde força na Casa. No caso de uma CPI, os deputados teriam poder de investigar, quebrar o sigilo dos investigados e garantir – se preciso com o uso da força policial – que os intimados para depor comparecessem à Assembleia.
Entre os membros da comissão, o que mais recebeu doação de mineradoras foi Gustavo Corrêa (DEM). Ao todo foram R$ 239,9 mil vindos da Anglogold, Empresa de Mineração Esperança, Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), e da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). Thiago Cota (PPS), filho do ex-prefeito de Mariana Celso Cota, recebeu R$ 111 mil da CBMM, Phoenix Mineração e Comércio, Mineração Corumbaense Reunida e MBR. Gil Pereira (PP) contou com R$ 180 mil da MBR e da Mineração Corumbaense Reunida. João Magalhães (PMDB) recebeu R$ 50 mil da Embu S/A Engenharia e Comércio. A reportagem considerou os parlamentares que receberam acima de R$ 10 mil.
Nos bastidores, nomes da base e da oposição confirmam que a pressão das mineradoras foi maior que a mobilização para colher assinaturas para a CPI. Os deputados chegaram a reunir 40 nomes para protocolar a abertura da CPI. O número foi superior aos 26 necessários para instaurar a investigação.
Oficialmente, a Assembleia informou que a Comissão Extraordinária seria mais eficaz porque “continuará atuando durante o recesso parlamentar” e porque ela apresenta a “possibilidade de centrar seus esforços nas questões que envolvem a atividade minerária como um todo, em vez de focar em um assunto específico”. A intenção da CPI, no entanto, já era apurar possível irregularidades em outras obras de mineração, além da operada pela Samarco, em Mariana.
No mesmo jornal, “no ano passado, dos cerca de R$ 54 milhões que ela [Samarco] pagou em royalties pela exploração em território mineiro, R$ 20,22 milhões ficaram em Mariana. O que a cidade recebeu é menos de 1% (0,72%) do lucro líquido da mineradora em 2014. Os acionistas receberam R$ 1,81 bilhão, ou seja, cerca de 65%, segundo relatório de administração e demonstrações financeiras de 2014″.
Por serem parcial ou totalmente privatizadas, Petrobras e Vale (ambas na gestão de FHC) — assim como Sabesp, Cemig e muitas outras — obedecem à lógica de colocar o lucro dos acionistas acima de qualquer outra consideração. Preço alto do minério? Tira tudo para fazer caixa. Preço baixo? Tira tudo para enfrentar os competidores e não perder mercado. Isso envolve precarizar o trabalho (a grande maioria dos empregados da Samarco é de terceirizados) e correr riscos sem considerar o interesse público. Por que faltou água em São Paulo? Porque a Sabesp tratou de priorizar os acionistas e não fez os investimentos necessários quando deveria ter feito. Agora, falta água mas ela aumentou o preço… para satisfazer os acionistas. Veja aqui quem são os acionistas da Sabesp. É isso aí: os interesses dos investidores estrangeiros, da Bolsa de Nova Yor, colocados acima dos interesses nacionais e do contribuinte brasileiro. Quanto ao R$ 1 bilhão calculado como custo ambiental do que está acontecendo nos rios do Carmo e Doce, deve ser alguma piada…
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