Por Conceição Lemes, viomundo
Por esta reação o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), provavelmente não
esperava ao “reorganizar” na marra a rede pública de ensino do Estado.
Desde a manhã dessa terça terça-feira 10, estudantes da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, Zona Oeste da capital, ocupam-na para protestar contra o fechamento de 94 escolas e a desestruturação de outras 782 unidades. À Rua Pedroso de Moraes, ela fica bem próxima de áreas classe A, como Jardins, Avenida Faria Lima, Alto de Pinheiros. Há uma quadra dali, na esquina de Teodoro Sampaio com Simão Álvares, uma cobertura custa R$ 14 milhões.
Nesta quarta-feira, um forte contingente da Polícia Militar (PM) cerca toda a escola. Lá dentro, um grupo de estudantes resiste, apesar de ontem a PM ameaçar a todo instante invadi-la , tentar prender duas jovens e partir para a violência contra os colegas das meninas que reagiram à detenção.
Nesta manhã, a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo entrou na Justiça com pedido de reintegração de posse da escola. A decisão pode sair a qualquer momento.
“Os estudantes têm o direito humano de se manifestar livremente, não concordar com a mudança e de escolher onde querem estudar”, afirma Maria Izabel Noronha, presidenta da Apeoesp, em entrevista ao Viomundo. “É um absurdo o governo governo Alckmin tornar uma manifestação pacífica de estudantes um caso de polícia; é uma situação muito séria.”
“Mais uma vez o governo Alckmin recorre à arbitrariedade, como faz com os professores nas assembleias”, denuncia. “Qualquer movimento que seja contra as suas decisões, ele tenta logo criminalizar.”
A escola Fernão Dias Pais não será fechada, mas passará por uma profunda mudança. Atualmente, tem ensino fundamental II (da 6ª a 9ª série) e ensino médio (antigo colegial). A partir de 2016, terá só ensino médio, obrigando os seus alunos do ensino fundamental a buscar outra escola para estudar.
A ocupação da escola é uma decisão dos alunos e alunas, mesmo. Não é uma ação da Apeoesp. Porém, logo que foi informada da tensão no local e da intenção da PM de invadir a escola, seus diretores foram para lá, para acompanhar a situação e dar assistência jurídica.
“Na hora em que eu cheguei uma menina estava sendo presa. Nós conseguimos conversar com os militares e eles a liberaram”, conta-nos Izabel.
“Os militares tentaram pegar outros meninos, para levar à delegacia e fichá-los. O nosso pessoal não deixou”, prossegue. “Os militares também tentaram entrar na escola na marra, os meninos trancaram o portão e não deixaram.”
A Secretaria Estadual de Educação registrou Boletim de Ocorrência por “depredação de patrimônio”.
No entanto, os repórteres do Jornalistas Livres, “presentes todo o tempo lá, não observaram qualquer tipo de vandalismo”. Eles registram:
Houve mutirão para produzir merenda e para a limpeza. Os estudantes se revezaram na vigília durante a noite, discutiram estratégias e jogaram vôlei-queimada.
São quase todos menores de idade.
Eduardo Suplicy, secretário municipal de direitos humanos, esteve no local por volta das 22h e levou água aos estudantes.
Num esquema de rodízio, os diretores da Apeoesp passaram a noite inteira do lado de fora da escola. “Nós vamos ficar aqui até o final, para evitar que isso vire uma tragédia”, avisa Izabel Noronha.
****
E-mail de Eduardo Suplicy ao governador e ao secretário da Educação
Enviado por Luciano Moraes Velleda, da assessoria de imprensa da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de SP
Prezados Governador Geraldo Alckmin e Secretário da Educação Herman Jacobus Cornelis Voorwald:
Estive ontem à noite na Escola Fernão Dias Paes onde conversei com aproximadamente 20 estudantes do ensino médio que ali se encontram, com os portões fechados com cadeados por eles mesmos, e havendo um número significativo de policiais militares e viaturas em torno da estabelecimento.
Ponderaram a mim o seu desejo de serem ouvidos sobre a reorganização das escolas estaduais que obrigarão alguns dos estudantes a mudarem de estabelecimento. Trata-se de uma manifestação pacífica, de ocupação daquele edifício, durante o dia por mais de cem estudantes, tendo a maior parte dos mesmos, sobretudo os menores de idade, voltado para casa, acompanhados de seus pais. Transmitiram-me que não causaram qualquer dano às dependências da escola. Que tentaram ser ouvidos pela Secretaria da Educação, mas que não tiveram êxito.
Quero transmitir um apelo pessoal de bom senso ao Governador Alckmin e ao Secretário Herman Woorwald no sentido de abrirem um diálogo direto com os estudantes da Escola Fernão Dias Paes, com seus pais e professores, com o objetivo de conversarem sobre as razões da reorganização das escolas da Rede Estadual de Ensino, de suas razões, vantagens e desvantagens, tendo em conta o objetivo maior de se melhorar a qualidade da educação para toda a população do Estado de São Paulo. Sou testemunha de como Vossa Excelência, Governador Geraldo Alckmin, sempre se dispôs ao diálogo aberto com todos aqueles que realizam manifestações pacíficas para expressar seus ideais e objetivos em prol do bem comum.
Por esta reação o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), provavelmente não
esperava ao “reorganizar” na marra a rede pública de ensino do Estado.
Desde a manhã dessa terça terça-feira 10, estudantes da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, Zona Oeste da capital, ocupam-na para protestar contra o fechamento de 94 escolas e a desestruturação de outras 782 unidades. À Rua Pedroso de Moraes, ela fica bem próxima de áreas classe A, como Jardins, Avenida Faria Lima, Alto de Pinheiros. Há uma quadra dali, na esquina de Teodoro Sampaio com Simão Álvares, uma cobertura custa R$ 14 milhões.
Nesta quarta-feira, um forte contingente da Polícia Militar (PM) cerca toda a escola. Lá dentro, um grupo de estudantes resiste, apesar de ontem a PM ameaçar a todo instante invadi-la , tentar prender duas jovens e partir para a violência contra os colegas das meninas que reagiram à detenção.
Nesta manhã, a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo entrou na Justiça com pedido de reintegração de posse da escola. A decisão pode sair a qualquer momento.
“Os estudantes têm o direito humano de se manifestar livremente, não concordar com a mudança e de escolher onde querem estudar”, afirma Maria Izabel Noronha, presidenta da Apeoesp, em entrevista ao Viomundo. “É um absurdo o governo governo Alckmin tornar uma manifestação pacífica de estudantes um caso de polícia; é uma situação muito séria.”
“Mais uma vez o governo Alckmin recorre à arbitrariedade, como faz com os professores nas assembleias”, denuncia. “Qualquer movimento que seja contra as suas decisões, ele tenta logo criminalizar.”
A escola Fernão Dias Pais não será fechada, mas passará por uma profunda mudança. Atualmente, tem ensino fundamental II (da 6ª a 9ª série) e ensino médio (antigo colegial). A partir de 2016, terá só ensino médio, obrigando os seus alunos do ensino fundamental a buscar outra escola para estudar.
A ocupação da escola é uma decisão dos alunos e alunas, mesmo. Não é uma ação da Apeoesp. Porém, logo que foi informada da tensão no local e da intenção da PM de invadir a escola, seus diretores foram para lá, para acompanhar a situação e dar assistência jurídica.
“Na hora em que eu cheguei uma menina estava sendo presa. Nós conseguimos conversar com os militares e eles a liberaram”, conta-nos Izabel.
“Os militares tentaram pegar outros meninos, para levar à delegacia e fichá-los. O nosso pessoal não deixou”, prossegue. “Os militares também tentaram entrar na escola na marra, os meninos trancaram o portão e não deixaram.”
A Secretaria Estadual de Educação registrou Boletim de Ocorrência por “depredação de patrimônio”.
No entanto, os repórteres do Jornalistas Livres, “presentes todo o tempo lá, não observaram qualquer tipo de vandalismo”. Eles registram:
Houve mutirão para produzir merenda e para a limpeza. Os estudantes se revezaram na vigília durante a noite, discutiram estratégias e jogaram vôlei-queimada.
São quase todos menores de idade.
Eduardo Suplicy, secretário municipal de direitos humanos, esteve no local por volta das 22h e levou água aos estudantes.
Num esquema de rodízio, os diretores da Apeoesp passaram a noite inteira do lado de fora da escola. “Nós vamos ficar aqui até o final, para evitar que isso vire uma tragédia”, avisa Izabel Noronha.
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E-mail de Eduardo Suplicy ao governador e ao secretário da Educação
Enviado por Luciano Moraes Velleda, da assessoria de imprensa da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de SP
Prezados Governador Geraldo Alckmin e Secretário da Educação Herman Jacobus Cornelis Voorwald:
Estive ontem à noite na Escola Fernão Dias Paes onde conversei com aproximadamente 20 estudantes do ensino médio que ali se encontram, com os portões fechados com cadeados por eles mesmos, e havendo um número significativo de policiais militares e viaturas em torno da estabelecimento.
Ponderaram a mim o seu desejo de serem ouvidos sobre a reorganização das escolas estaduais que obrigarão alguns dos estudantes a mudarem de estabelecimento. Trata-se de uma manifestação pacífica, de ocupação daquele edifício, durante o dia por mais de cem estudantes, tendo a maior parte dos mesmos, sobretudo os menores de idade, voltado para casa, acompanhados de seus pais. Transmitiram-me que não causaram qualquer dano às dependências da escola. Que tentaram ser ouvidos pela Secretaria da Educação, mas que não tiveram êxito.
Quero transmitir um apelo pessoal de bom senso ao Governador Alckmin e ao Secretário Herman Woorwald no sentido de abrirem um diálogo direto com os estudantes da Escola Fernão Dias Paes, com seus pais e professores, com o objetivo de conversarem sobre as razões da reorganização das escolas da Rede Estadual de Ensino, de suas razões, vantagens e desvantagens, tendo em conta o objetivo maior de se melhorar a qualidade da educação para toda a população do Estado de São Paulo. Sou testemunha de como Vossa Excelência, Governador Geraldo Alckmin, sempre se dispôs ao diálogo aberto com todos aqueles que realizam manifestações pacíficas para expressar seus ideais e objetivos em prol do bem comum.
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