quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A Farra dos Bancos no Governo Dilma: De maneira unânime, Copom mantém juros em 14,25%


Jornal GGN - Em decisão já esperada pelo mercado financeiro, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciou na noite desta quarta-feira (02) a manutenção da taxa básica de juros em 14,25% ao ano. A decisão foi unânime e sem viés, e põe fim a uma sequência de sete ajustes consecutivos.
“Avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% ao ano, sem viés”, diz a autoridade monetária, em comunicado divulgado após a reunião. “O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016”.
Com o resultado, o país ocupa em todos os cenários o primeiro lugar do ranking como o melhor pagador de juros reais do mundo, acima dos maiores pagadores nominais da atualidade, a Venezuela e a Argentina: segundo levantamento elaborado pelo site moneyou em parceria com a Infinity Asset Management, a taxa de juros dos últimos 12 meses descontada a inflação dos últimos 12 meses no Brasil atinge 4,28%, enquanto as taxas atuais descontadas a inflação para os próximos 12 meses aponta uma taxa anual de 5,01%. O país em termos nominais permanece na terceira colocação, à frente apenas da Argentina (com 23,86% ao ano) e da Venezuela, com 19,83% ao ano. “As projeções de inflação variaram bastante nesta compilação, mas o destaque continua a ser a projeção de alta do IPCA para os próximos 12 meses”, diz o relatório.
Em entrevista ao Jornal GGN, o economista-chefe do banco Santander no Brasil, Mauricio Molan, explica que o BC havia sinalizado na reunião anterior, tanto na ata como no comunicado, pela manutenção da taxa Selic, ao levar em consideração o chamado balanço de riscos e uma piora no cenário. “Adicionalmente, o que deve ficar claro na ata é que o impacto da depreciação cambial sobre a inflação para 2016 deve ser em grande parte mitigado pela contração mais acentuada do PIB (Produto Interno Bruto) – uma vez que o crescimento não está desacelerando, está havendo uma contração de PIB – que deve mitigar parte do impacto da depreciação cambial”.
Adicionalmente, o economista afirma que, a cada ponto em que o PIB se contrai no curto prazo, acaba por exercer um efeito mais prolongado sobre o chamado hiato do produto (diferença percentual entre o produto potencial de uma economia em determinado ano e o produto efetivamente verificado), o que pode levar a um efeito desinflacionário mais importante no longo prazo.
“O Banco Central faz questão de mencionar em seu comunicado que deve manter a taxa elevada por um período prolongado e pode incorporar alguma deterioração no cenário, e pode compensar isso mantendo a taxa por mais tempo do que ele manteria”, diz Molan. “A decisão mostra que o Banco Central está confiante de que a política monetária está em um patamar apertado o suficiente para reduzir a inflação. E está tão confiante que, mesmo nesse cenário, é possível absorver o choque cambial. As condições de crescimento e um PIB em recessão forte vão garantir a inflação em queda ao longo do tempo”.
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