Por: Fernando Brito
Mais uma reviravolta surpreendente da novela grega, agora nos últimos capítulos, antes do plebiscito de domingo.
O Fundo Monetário Internacional anunciou, segundo o jornal inglês The Guardian, que está disposto a participar de um empréstimo extra de até € 60 bilhões (R $ 42 bilhões) nos próximos três anos, uma redução da dívida em larga escala e 20 anos de prazo de “alívio”, ” para criar um espaço para respirar e estabilizar a economia”.
O Fundo, que apesar de uma presidente francesa tem o comando dos EUA e do Reino Unido (que vive também a expectativa de um plebiscito sobre o grau de adesão à União Europeia) tirou o tapete dos alemães, que estavam bancando uma posição de “tudo ou nada”, esperando a derrubada do governo de Alexis Tsipras.
Tsipras reagiu imediatamente abrindo a porta para o entendimento afirmando que essa proposta “nunca foi colocada durante as negociações”, e insistiu que o “não” no plebiscito não é a negação da Europa, mas uma afirmação de que “o povo grego não pode ser sangrado por mais tempo. ”
A postura do FMI, embora credor minoritário dos gregos (veja o gráfico) , é um profundo abalo na pressão alemã, que apostou da “faca no pescoço” dos gregos. Um alto funcionário do Fundo, segundo oGuardian, disse que “se estamos pedindo aos gregos para fazer as coisas muito difíceis, também estamos pedindo aos europeus que façam algo muito difícil”.
Claro que o Fundo continua a exigir cortes nas despesas gregas, mas abriu um profundo “racha” com a posição europeia, comandada porAngela Merkel, mas isso representou uma cunha (desculpem pela palavra) no bloco dos credores.
Há algo acontecendo na aliança americano-europeia, podem ter certeza.
Neste jogo, ninguém prega prego sem estopa.
Mas abriu-se um espaço para os gregos.
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