Por: Fernando Brito
“A diferença entre um remédio e um veneno está só na dosagem”, frase atribuída ao médico e
alquimista Paracelso deveria ser lembrada pela Presidente Dilma quando visse o que está produzindo
a forma de fazer o “ajuste fiscal”.
Porque a forma “cavalar” com que se agiu ao colocar a ideia de que o país estava mergulhado numa
Porque a forma “cavalar” com que se agiu ao colocar a ideia de que o país estava mergulhado numa
crise e que seria necessário cortar e cortar despertou a oposição para arruinar o Governo justo no
ponto que lhe é mais sensível: os direitos e vantagens trabalhistas.
Repete-se, hoje, o que ocorreu há dias com o fator previdenciário: o que não se deu,
Repete-se, hoje, o que ocorreu há dias com o fator previdenciário: o que não se deu,
ponderadamente, quando havia condições políticas para fazer com prudência e escalonadamente,
agora é atirado como fato consumado e, provavelmente, irreversível.
O reajuste dos aposentados nos mesmos moldes do salário mínimo – justo, como o fator 85/95 – vai
ficar. E Dilma, de novo, vetará, para propor, talvez, uma fórmula “intermediária” que, se não for
praticamente igual, será derrubada, como ainda se arrisca a ser derrubada a progressividade do fator.
O Governo está manietado por algo muito mais grave que a contabilidade pública: a política.
De um lado, pela estratégia de deixar que a inflação permaneça alta – e muito mais alta para o povão,
pois ela é, basicamente, de tarifas de energia residencial e de gêneros alimentícios in natura, pois
temos um Ministério para o Agronegócio e nenhum para o Abastecimento – e produzir uma elevação
dos juros, como numa boa receita neoliberal e cortar despesas sociais e investimentos, coisa contra as
quais, aliás, é Dilma a quase única barreira.
O efeito reverso é uma expectativa inflacionária maior e, com o grau de deterioração que a base
parlamentar do Governo atingiu, fazer do Congresso um centro de “bondades” quem feitas da
qualquer maneira, significam um comprometimento dos gastos grave, porque maior a cada dia, mês e
ano.
O Governo Dilma, que não perdeu o rumo no longo prazo, precisa entender quem, sem o imediato, é
o estratégico que fica comprometido.
Porque os nossos “bonzinhos” vão se aproveitando disso para enfiar nas votações situações que
Porque os nossos “bonzinhos” vão se aproveitando disso para enfiar nas votações situações que
abalam o nosso futuro.
Serra vai “aliviar” a Petrobras, tadinha, do esforço de investir no pré-sal.
Os deputados patronais, tão generosos, aumentam as aposentadorias e reduzem-lhe o tempo.
Todo o discurso pela “austeridade” e pelo superávit – lembram desse termo da “moda”, que só
Os deputados patronais, tão generosos, aumentam as aposentadorias e reduzem-lhe o tempo.
Todo o discurso pela “austeridade” e pelo superávit – lembram desse termo da “moda”, que só
reaparece para dizer que Levy não conseguirá alcançar? – se foi e a ordem é gastar, que Dilma paga.
Paga, inclusive, o preço do desgaste político.
Depois querem saber porque o Lula chia. Chia porque vê o Governo perder naquilo que, como
relembrou o Ricardo Kotscho, ele disse ao assumir seu primeiro governo que era onde não se podia
errar: na política.
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