por : Kiko Nogueira
A viagem dos oito senadores à Venezuela teve inspiração em dois episódios recentes similares: a
Marcha da Liberdade, empreendida pelos kataguiris de São Paulo a Brasilia, e o passeio de Marcello
Reis, chefão dos Revoltados On Line, a Salvador durante o congresso do PT.
Todos os casos envolvem um suposto esforço superior, um tour de force, para enfrentar o “inimigo”
Todos os casos envolvem um suposto esforço superior, um tour de force, para enfrentar o “inimigo”
na casa dele. Assim como todos eles se utilizam da tática de bater a carteira e gritar pega ladrão.
Especificamente com relação a Reis e os parlamentares, a ideia é ir a um lugar onde não são bem
vindos, provocar uma confusão, levar um troco e, afinal, posar de vítima.
O imbróglio de Caracas é farsesco do início ao fim. Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira e
combinaram de ver as mulheres de políticos detidos e estudantes oposicionistas por “razões
humanitárias”, de “solidariedade”, segundo Aécio.
Enquanto o pedido para o vôo oficial era examinado, venderam à imprensa que ele fora vetado. O
jornal O Globo, numa cobertura acintosa, comprou toda a balela de primeira, com direito a troca de
título de matéria quando a versão dos senadores ficou insustentável.
Ronaldo Caiado mentiu no Brasil e na capital venezuelana. No Twitter, escreveu que a van que
levava a turminha havia sido apedrejada. Completou alegando que estava impossibilitado de colocar
o vídeo no ar por causa da internet ruim. Até agora as imagens continuam indisponíveis.
Os homens voltaram para casa por causa de um engarrafamento atribuído a uma sabotagem.
As únicas pessoas que correm o risco de acreditar na missão são os fanáticos de sempre. A
Venezuela, como qualquer país do mundo, tem direito de não permitir a entrada de políticos
assumidamente contra o regime. Leopoldo López não sairia da penitenciária depois de falar com o
senador Petecão (Petecão!!!).
Mas isso jamais importou. Nunca foi pelos motivos elevados que Aécio elencou, mas para criar mais
instabilidade para o governo e aparecer na mídia amiga jogando lenha na fogueira do
“bolivarianismo”. Veja que coincidência: no dia da visita, a TV Cultura pôs no ar um antigo Roda
Viva com a mulher de López, Lilian Tintori.
De certo modo, Aécio prestou um tributo ao anão moral Kim Kataguiri, o pequeno reaça cabeludo que traiu ao não comparecer no encerramento do marcha. Vem de qualquer revoltado on line a lição
fascista de inverter a lógica democrática em nome da democracia, instigando distúrbios para
reclamar deles, ensaiando golpes enquanto se reclama de golpismo.
Na noite em que os oito panacas retornaram, o Movimento Brasil Livre anunciou que está
organizando um ato na frente do consulado venezuelano em São Paulo “em decorrência do ataque
orquestrado por Maduro”. Importante: “TRAGAM CADEADOS!”
Vai ser uma bela cena quando todos se acorrentarem ao portão, em torno do mesmo ideal (e de
Petecão; o que é Petecão??). Ali perto ficam bons restaurantes e dá para ir e voltar rapidinho.
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