sábado, 9 de maio de 2015

Moro passa recibo de que não tem nada contra Vaccari



Olha só que coisa absolutamente ridícula. Leia na Falha: Justiça dá prazo de cinco dias para 
Vaccari explicar depósitos

Por Miguel do Rosário

Como não achou nada nem nas contas bancárias, nem nas declarações fiscais do tesoureiro do PT,
agora Moro quer que ele explique os R$ 583 mil movimentados por sua mulher, de 2008 a 2014.
A coisa é ridícula em vários níveis.
Em primeiro lugar, Moro passou recibo de que nem sabe porque prendeu Vaccari. Quer dizer, 
prendeu-o apenas para oferecer um espetáculo à Globo, pois se tivesse alguma acusação consistente 
contra ele não precisaria perguntar sobre a origem do dinheiro.
Aquela cena de Vaccari, um senhor gordinho e inofensivo, cercado de agentes federais armados de 
metralhadoras e fuzis posando para tvs e jornais, ficará na história como o retrato de uma era de 
violências midiáticas e judiciais.
Em segundo lugar, onde já se viu isso?
Manter um sujeito preso, sem prova, e depois dar cinco dias para ele explicar a movimentação 
bancária da… esposa!
Que eu saiba, a justiça nos condena separadamente. Eu sou eu, minha mulher é outra pessoa. Moro 
inovou. Condena a família em bloco. Talvez tenha se inspirado em algum ditador sanguinário. E 
ainda manteve encarcerada, por uma semana, a cunhada de Vaccari, “por engano”!
E agora quer que Vaccari explique a movimentação de R$ 580 mil da esposa, ao longo de 7 ou 8 
anos? Pelo amor de Deus! O próprio Sergio Moro, os procuradores, os delegados, que nunca foram 
tesoureiros de partido ou sindicato, devem ter movimentado muito mais que isso no mesmo período!
Isso dá menos de R$ 7 mil por mês, o que é um valor irrisório para quem trabalha intensamente com 
política, e precisa viajar o tempo inteiro, e fazer infinitos pequenos gastos operacionais, próprios da 
atividade sindical, partidária, e política.
Ora, os médicos não acharam miserável o salário de R$ 10 mil que o governo oferecia no programa 
Mais Médicos?
Agora Sergio Moro, ídolo dos coxinhas, quer crucificar Vaccari porque a sua esposa movimentou 
menos de R$ 7 mil por mês nos últimos 7 anos?
Eu, a merda de um blogueiro duro, que não sou parente de tesoureiro nenhum, já devo ter 
movimentado metade disso, ou mais, no mesmo intervalo!
Moro não sabe que as pessoas compram e vendem coisas? Que fazem acordos, emprestam, pegam 
emprestado, emitem e recebem pagamentos, fazem trocas, negociações? Existem milhares de razões 
para movimentar dinheiro na conta bancária.
Nada disso é crime! É a vida privada de qualquer pessoa!
Moro tem a sua vidinha pacata de juiz federal, recebendo mensalmente o seu gordo salário, e acha 
que todo mundo tem de viver exatamente igual a ele?
A vida de um cidadão normal, que não é servidor público, que trabalha com política, é cheia de altos 
e baixos, de pequenas ou grandes desventuras financeiras.
Será que Moro nunca leu um romance, será que não tem imaginação?
A mulher de Vaccari deveria, no máximo, explicar à Receita, mas em liberdade, sem agressões da 
mídia, numa relação respeitosa e discreta entre ela e um auditor fiscal.
Por que Vaccari tem de explicar alguma coisa à Sergio Moro?
Se Moro tem alguma acusação, que o faça!
E se tem alguma acusação contra a movimentação da mulher de Vaccari, que acuse ela, não Vaccari. 
Não seria o certo a fazer?
Que loucura é essa, de fazer um cidadão explicar a movimentação de outra pessoa?
Será que Moro faz isso apenas para manter o nome do tesoureiro do PT sob os holofotes agressivos 
da mídia?
É incrível.
Moro quebra sigilos bancários, fiscais, telefônicos, expõem na mídia a vida da família Vaccari sem o 
mínimo respeito à sua privacidade ou dignidade, e ainda vem com essa arrogância de dar “cinco 
dias” para ele se explicar?
Por que cinco dias?
Por que não cinco horas, ou cinquenta dias?
Joaquim Barbosa fez escola. Tornamo-nos uma ditadura judicial, numa república de bananas.
Se Moro não tem nenhuma prova contra Vaccari, se não tem sequer nenhuma acusação concreta, 
deveria deixá-lo solto, respondendo a este processo kafkiano em liberdade. Qual o perigo que ele 
oferece à sociedade?
Se não há prova ou indício nenhum de crime, porque Vaccari tem que dar satisfação de sua vida para 
Moro?
Onde já se viu isso?
Olha que coisa surreal. E se a mulher de Vaccari, por exemplo, tivesse um amante argentino, que lhe 
desse dinheiro?
Vaccari tem que explicar isso para Moro? Tem de expor sua vida?
É lamentável o ponto a que chegamos.
É triste, além disso, constatar a covardia dos desembargadores do STJ e dos membros do Conselho 
Nacional de Justiça (CNJ), que conhecem muito bem o histórico de violências judiciais de Sergio 
Moro contra cidadãos brasileiros, e não fazem nada para impedi-lo.
Nenhuma democracia é perfeita. Mas não existe nada pior do que esta sensação de impotência diante 
do arbítrio judicial, que aliás só se consuma por causa do apoio que recebe na mídia.
Com alguns programas na TV, a Globo derrubava facilmente as decisões de Sergio Moro.
Não, a Globo deu-lhe o prêmio Faz Diferença, mostrando que chancela este odioso golpe judicial, 
que manipula, com fins políticos escusos, uma investigação policial.
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