Luis Nassif
Sorteada para analisar a representação contra Lula - por suposta influência no BNDES para
conseguir financiamentos para a Odebrecht para obras na África - a procuradora da República
Mirella Aguiar informa que não existe nenhuma prova concreta, apenas uma notícia em O Globo. E
equiparou notícias de jornais a denúncias anônimas.
Então porque a representação foi aceita? Não há um filtro sequer no MPF para impedir essas
armações?
É hora de parar com esse jogo.
No ano de 2.000 dois procuradores do Ministério Público Federal procuraram o Correio Braziliense
e passaram informações contra uma colega. Virou reportagem. Com base na reportagem publicada,
ambos entraram com uma representação contra ela.
Procuradores do Distrito Federal e o Ministro Joaquim Barbosa, do STF (Supremo Tribunal Federal)
apelaram a uma denúncia anônima sobre supostas conversas de Dirceu pelo celular, em Papuda, para
montarem uma varredura que pegou o próprio Palácio do Planalto. Como alegaram que a denúncia
era anônima, não houve necessidade de provar que ela existiu. Há elementos de sobra para supor que
a denúncia foi inventada. Ou seja, que um Ministro do STF e o Ministério Público montaram uma
farsa.
Com base nesse histórico, há elementos para se acreditar que essa tabelinha Globo-MPF foi armada.
Ou não?
Esse tipo de esperteza processual não pode mais prosperar. É veneno na veia na imagem do
Ministério Público. O objetivo final desse tipo de jogada não são condenações pela Justiça, mas
expor o alvo à mídia. E o MPF está pronto a convalidar qualquer factoide contra um dos lados.
Durante dias essa tolice do lobby africano, que nem verossímil é, foi capa de revistas irresponsáveis,
repercutida por todos os meios de comunicação. E julgam que essa mancha fica apagada com a
declaração cândida de uma procuradora, de que notícia de jornal equivale a uma denúncia anônima?
E como explicar que uma mera reportagem em O Globo tenha mais peso que livros coalhados de
provas contra José Serra e outros, escritos por jornalistas consagrados?
O MPF tem dois públicos a atingir: a malta dos linchadores, para quem qualquer tolice vale; e o
universo jurídico e das pessoas bem informadas. O que pretende o Procurador Geral da República
Rodrigo Janot: ser aclamado em praça pública pelos Lobões da vida ou ter o respeito do mundo
jurídico e intelectual?
É questão de escolha.
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