quarta-feira, 6 de maio de 2015

A SURRA QUE LULA DEU NO GLOBO-PANELAÇO


Forte para 2018


A direita não deve ter ficado muito feliz ontem.
Porque o fato é: Lula surrou o Panelaço.
Aconteceu com o Panelaço o mesmo que ocorrera com o Protesto de 12 de abril: murchou, pifou, 
depois de uma primeira edição surpreendentemente bem sucedida.
O duplo fracasso – do Panelaço e do Protesto – trai uma verdade doída para os interessados na 
derrubada de Dilma: seu momento passou.
Passou primeiro porque é simplesmente uma estupidez querer cassar 54 milhões de votos sob 
pretextos cínicos, falsos e vis.
Segundo porque o governo Dilma e o PT retomaram a iniciativa.
Ficou claro, por exemplo, que ao contrário do que a imprensa vinha tentando propagar os problemas 
econômicos do país não são exclusividade nacional. Fazem parte de um drama mundial.
Foi grande o esforço dos comentaristas das corporações de mídia em levar os inocentes a crer que o 
dólar alto era um fenômeno apenas do Brasil.
Mentira.
Houve também uma mobilização conservadora para retratar uma Petrobras aos pedaços.
Outra mentira.
As ações da Petrobras não param de subir, e investimentos bilionários na empresa feitos pela China e 
pela Shell mostram que a mídia brasileira definitivamente não é levada a sério fora do seu quadrado 
de atuação.
E então chegamos a Lula, a grande estrela do programa do PT que foi ao ar ontem em rede nacional.
Para desespero da oposição, Lula demonstrou que é o Lula de sempre. Não apenas exibe vigor físico 
como continua a dominar a arte de falar e convencer.
É um caso único de poder de retórica no universo político brasileiro. Lula reúne simplicidade e 
profundidade em seu discurso, e transmite sinceridade mesmo quando fala alguma bobagem.
Comparemos.
Aécio fala com pedantismo, com ares de político da Velha República, um Tancredo com implante de 
cabelo e dentes artificialmente brancos.
FHC é aquele professor que repete a mesma coisa há meio século, e que ninguém aguenta mais 
escutar. Alckmin é uma mistura de Frontal com Dormonid.
E Dilma pensa melhor que fala, muito melhor. Usa frases longas e repete expressões que acabam 
com qualquer estilo. (Acredito que etc etc, por exemplo.)
Dilma poderia – deveria – ter treinado a arte de falar em público, mas é preciso reconhecer que 
mesmo com todas as suas limitações neste terreno ela não teve maiores problemas em lidar com 
Serra e Aécio.
As circunstâncias precipitaram os debates sobre 2018, e Lula aparentemente leva muita vantagem 
sobre seus eventuais oponentes.
A direita talvez se preocupe com o tom incisivo de Lula nos últimos tempos, mas não há razões para 
pânico.
Lula está mobilizando a militância do PT com seu discurso ligeiramente radicalizado, o mesmo 
grupo que provavelmente o levará ao Planalto em 2018.
Depois, seu espírito conciliador, de sindicalista acostumado a negociar, prevalecerá.
Num país tão polarizado, tão dividido, tão cheio de ódio, um conciliador pode devolver o sentimento 
perdido de unidade.
Até por isso Lula sobra, desde já, para 2018.
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