quinta-feira, 30 de abril de 2015

O infame Beto Richa, governador do Paraná



Luis Nassif

O governador Beto Richa (PSDB), do Paraná, é o retrato doloroso do que se transformou o principal 
partido de oposição no país.
O partido fundado por Franco Montoro, Mário Covas, que abrigou a generosidade de Sérgio Motta, a 
sensibilidade social de Bresser-Pereira, e até a temperança de um José Richa, a esperança de uma 
socialdemocracia moderna, tornou-se um valhacouto do que pior e mais rancoroso a política 
brasileira exibiu nos últimos anos.
A usina de ideias e propostas que parecia brotar do partido no inicio dos anos 90 foi substituída por 
uma cloaca interminável, um lacerdismo sem talento, um samba de uma nota só desafinado.
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Derrotado em Minas Gerais, restaram ao partido dois estados para mostrar, até 2018, um mínimo de 
políticas inovadoras: São Paulo e Paraná.
De São Paulo não se espere nenhuma pró-atividade. Por aqui, definham institutos de pesquisa, 
aparelho cultural, universidades e, especialmente, as ideias.
Hoje haverá audiência pública para a extinção da Fundap (Fundação de Desenvolvimento 
Administrativo) e da Cepam (Centro de Estudos e Pesquisas da Administração Municipal).
Hoje em dia, há uma disputa ferrenha para definir o governo mais inerte: se o de Dilma ou de 
Alckmin.
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Mas nada se equipara ao desastre completo que se observa no Paraná.
O massacre que a Polícia Militar impôs, ontem, aos professores que manifestavam contra o governo 
entrará para a história política contemporânea como o dia da infâmia.
200 pessoas feridas, 15 em estado grave, uma covardia sem fim, cujo único gesto nobre foi o de 17 
policiais que se recusaram a atacar os manifestantes – e foram punidos por isso.
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É apenas o desfecho de uma gestão desastrosa, que quebrou o estado. Mas reflete um estado de 
espírito que se apossou do partido, quando substituiu os intelectuais por pitbulls de baixíssimo nível.
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Nos últimos anos, a reboque da mídia, a única bandeira que o partido cultivou foi o antipetismo – 
como se fosse possível se tornar alternativa de poder sendo apenas anti.
Hoje em dia definha o PT e definha o governo Dilma, o país está rachado ao meio, há um ódio 
permanente no ar. A política econômica procede a aumentos sucessivos da taxa Selic, com a 
atividade econômica agonizante. E o governo patina sem um projeto de país para oferecer.
Seria o momento de se apresentarem os mediadores, os que conseguissem ser a síntese das políticas 
sociais do PT com a visão de mercado do velho PSDB desenvolvimentista.
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Mas a miopia reiterada dos seus gurus, a falta de visão estratégica, o personalismo absurdo de uma 
geração geriátrica que se aboletou no poder, impediu a renovação do PSDB e permitiu que o infame 
Beto Richa se tornasse a cara do partido.
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O que Richa fez foi apenas externar, com atos, a virulência desmedida da cara do partido, os 
Aloysios Nunes, Aécios Neves, Carlos Sampaios, Josés Serras.
Não foi à toa que, nas últimas eleições, a parcela mais moderna do empresariado paulista saltou fora 
do bonde do PSDB e tentou fazer alçar voo a candidatura de Marina Silva.
O espaço político está vago para aventureiros políticos, porque a geração das diretas acabou.

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