segunda-feira, 13 de abril de 2015

Galeano se vai, num tempo em que irmão desconhece irmão



Por: Fernando Brito

Nos anos 70, Paulinho da Viola escreveu a música “Pecado Capital”, para uma novela da Globo onde um motorista de táxi, Francisco Cuoco, achava uma mala de dinheiro e, por ele, mudava de caráter e de comportamento.
Na letra, a certa altura, dizia que, naquela situação, “irmão desconhece irmão”.
Nos anos 70, “As Veias Abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano, abriu a cabeça de milhares de jovens de minha geração não apenas para as identidades na dor e no saque colonial que nos uniam aos povos da América Latina, mas também para a sinergia que esta consciência trazia para os processos de libertação.
Hoje, Galeano se foi, ao 74 anos.
Galeano fez tanto, pensou tão grande e com tanta humanidade que certamente não merecia ver, no seu fim, a mediocridade dominante hoje em grande parte da elite e da mídia, que recusa esta identidade e a transforma em xingamentos obtusos, com conceitos absurdos de “bolivarianismo” vomitados com ódio, por gente que lobotomizou seus cérebros com ódio.
Tem a sofisticação de pensamentos e sentimentos daquele motorista interpretado por Cuoco, que despreza seus iguais e vê-se grande quando escolhe ser anão.
Ganhe o seu dia com o belo vídeo que reproduzo abaixo, uma entrevista ao jornalista Eric Nepomuceno, que não ousa, por amor e admiração, roubar um segundo sequer do que diz um grande homem.

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