quinta-feira, 23 de abril de 2015

"Apenas" 9 empresas formavam cartel na Petrobras na gestão FHC


Jornal GGN - O empresário Augusto Mendonça Neto, presidente da Setal Engenharia, uma 
das companhias envolvidas na Operação Lava Jato, disse à CPI da Petrobras, nesta quinta-
feira (23), que "apenas nove empresas" formavam cartel para obter contratos com a estatal em 
1997. Porém, a partir de 2003, "quando a Petrobras retomou seus investimentos" e após a 
chegada de Paulo Roberto Costa e Renato Duque à companhia de petróleo, é que o leque de 
empresas foi ampliado e o pagamento de vantagens indevidas, institucionalizado. “O grupo 
ganhou efetividade com a relação dos dois diretores", disse o executivo. As informações são da 
Agência Câmara.

Cíntia Alves

Segundo a Polícia Federal, participavam como membros principais desse “clube” de empresas Galvão Engenharia, Odebrecht, UTC, Camargo Corrêa, Techint, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Promon, MPE, Skanska, Queiroz Galvão, Iesa, Engevix, Setal, GDK e OAS. Apesar de Mendonça não ser o primeiro delator da Lava Jato a afirmar que a corrupção na Petrobras começou no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a Força-Tarefa da Lava Jato concentra a investigação nos fatos ocorridos a partir de 2004.
Mendonça disse que começou a pagar propina depois de ter sido procurado pelo ex-deputado José Janene. “Ele me procurou exigindo o pagamento de comissão relacionada à Diretoria de Abastecimento”, disse, se referindo ao setor liderado por Paulo Roberto Costa. "Ele disse que não seguíssemos essa orientação, seríamos duramente penalizados. Se não contribuíssemos, teríamos prejuízos no cumprimento dos contratos", acrescentou.
As empresas do grupo de Mendonça foram contratadas para realizar obras nas refinarias Presidente Vargas, no Paraná, e Paulínia, em São Paulo.
Mendonça, no entanto, defendeu os procedimentos internos da Petrobras. Ao responder pergunta do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), a respeito da lisura dos procedimentos internos da estatal, o empresário afirmou que, durante todos os anos em que se relacionou com a Petrobras, só soube de corrupção e pedido de propina por parte de Costa, Duque e Barusco. Só a este último, o empresário afirmou ter pago entre R$ 50 e 60 milhões de propina, entre 2008 e 2011.
Estamos assistindo hoje a Petrobras ser massacrada pela mídia e pela opinião pública, como se fosse uma companhia de segunda categoria, repleta de corruptos. Mas é exatamente o inverso. O único contato que tive com corrupção foi com essas pessoas, nesse período. Antes disso nunca soube de nada”, afirmou.
Lucro das empresas
Seguindo a linha do depoimento de Pauloo Roberto Costa, Mendonça afirmou que a propina paga a diretores da estatal saía da margem de lucro das empresas e não de superfaturamento das obras. Segundo ele, a Comissão de Licitação da Petrobras recebia ao mesmo tempo as propostas das empresas interessadas em determinado contrato e a avaliação de custo feita pela própria estatal. “Tinha um setor da Petrobras encarregado de estimar os custos e isso era muito bem feito, como fariam as melhores empresas de engenharia”, explicou.
Mendonça disse que havia uma faixa de preços que as empresas podiam apresentar para ter a chance de ser contratadas. A proposta das empresas tinha que estar na faixa entre 15% abaixo e 20% acima do custo de referência apresentado pela própria Petrobras. “Não havia como ter superfaturamento."
Doações eleitorais
Mendonça afirmou que fez doações ao PT a pedido de Paulo Roberto Costa. Quando questionado sobre as "vantagens indevidas" que teria recebido do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para fazer essas doações, o empresário afirmou que nunca recebeu nada de Vaccari. Em seguida, Mendonça se negou a citar outros partidos além do PT que receberam doações de suas empresas.
Próximos passos
Na sexta-feira (24), uma comissão de sete deputados que formam a CPI vai a Curitiba se encontrar com o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, onde correm os inquéritos da Lava Jato que não envolvem políticos. Os parlamentares querem documentos em poder da Justiça que podem ajudar as investigações.
Os deputados também vão combinar com o juiz como e onde serão tomados os depoimentos das 19 pessoas presas em Curitiba acusadas de envolvimento em pagamento de propina e formação de cartel na Petrobras. Entre os presos que a CPI pretende ouvir na capital paranaense estão o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o empresário Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do esquema.
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