quarta-feira, 4 de março de 2015

UM CONGRESSO DIRIGIDO A PETRÓLEO


A confirmação de que os presidentes do Senado e da Câmara estão na lista do petrolão 
produziu um efeito imediato: a crise, que estava alojada apenas no Palácio do Planalto, 
atravessou a rua e chegou ao comando do Congresso. A pressão agora se volta contra o 
senador Renan Calheiros e o deputado Eduardo Cunha, ambos do PMDB. Depois de um mês 
acumulando forças, os dois terão que salvar a própria pele no Supremo Tribunal Federal. O 
diagnóstico não deve ser confundido com um alívio para Dilma Rousseff, como demonstrou a 
primeira reação de Renan. Para se defender, o senador atacou o governo, em uma declaração 
de guerra à presidente da República e ao PT.

Por: Fernando Brito

Agora, com a notícia de que Renan Calheiros e Eduardo “Leva Eu Meu Bem” Cunha estão na temível lista do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, você entendeu porque Renan está afrontando publicamente a Presidenta Dilma Rousseff?
Porque a recusa em comparecer ao jantar do PMDB, ontem, e a devolução da MP do Ajuste Fiscal são afrontas que nem um presidente do Senado oposicionista faz, quanto mais um que diz ser da base aliada.
Renan acha que estamos ainda nos tempos de Sarney e FHC, quando um presidente estalava os dedos e um processo parava?
Dilma avisou para quem quisesse ouvir e fez muito bem: que estiver na roda, roda…
Só na cabeça de Calheiros e daquela loura da Veja, Janot é um empregadinho do Planalto.
Tanto quanto não pode ser da oposição, segurando cartazes levados por “coxinhas”.
Cunha, que é muito mais esperto, já tinha recuado e mostrado prudência, tratando civilizadamente com a Presidenta e recuado na ridícula “passagem da patroa” para os deputados.
Os dois sabiam desde sexta-feira que teriam um pedido de abertura de inquérito.
Aliás, a propósito, onde estão os energúmenos que disseram que a Presidenta “não entendia nada de independência do MP” quando pediu – pedido recusado – para Janot dizer se algum dos indicados a Ministro poderia vir a ter problemas na Lava-Jato?
Qual foi o mal de Janot ter avisado alguns dias antes a Renan e Cunha, se isso não influiu na decisão tomada?
Foi um ato civilizado para com duas pessoas que – gostemos ou não, presidem as casas de um Poder da República, o Legislativo.
Certas figuras só conseguem pensar numa relação de patrão e empregado, assim mesmo daquelas mais mesquinhas, onde um fala e o outro obedece.
Talvez porque estejam acostumados com isso.
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