sábado, 7 de março de 2015

Os desafios para Dilma garantir a governabilidade



Luis Nassif

Está-se no epicentro de uma crise política – que ainda não é econômica nem social. Portanto, ainda 
não é irreversível.
A vantagem da idade, no jornalismo, é a experiência de quem assistiu, na história do país, crises 
mais profundas que a atual.
A primeira recomendação é a de relaxar e analisar. Não se tome a nuvem por Juno, o epicentro pela 
crise. Adotem-se algumas medidas para enfrentar questões mais urgentes, mas o desafio é planejar o 
pós-epicentro.
Os mais competentes conseguem.
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A segunda recomendação é levantar todos os pontos de vulnerabilidade e a forma de atuar sobre eles.
No caso de Dilma, seus problemas se resumem aos seguintes pontos:

1. Rearticular a base de apoio político.

Encontrar um bom articulador que conserte o estrago monumental provocado na base de apoio 
político, com a tentativa de eleger o presidente da Câmara. Não será tarefa fácil, ainda mais com o 
terremoto provocado pela Lava Jato no Congresso. Mas não é impossível. Teria que reorganizar o 
conselho político, eliminar os fatores de desgaste com os congressistas, parar com essa bobagem de 
pacto político com o PSDB.

2. Rearticular a base de apoio social.

Encontrar um bom articulador com os movimentos sociais para consertar o monumental estrago 
provocado com o pacote fiscal. É evidente que as contas fiscais precisavam ser colocadas em ordem. 
Mas o pacote fiscal, lançado a seco logo após as eleições, penalizou programas sociais, a indústria e 
a atividade produtiva em geral, o emprego – ao mesmo tempo em que a alta da Selic beneficiava o 
mercado financeiro. Tudo isso enfiado goela abaixo do seu eleitorado. Sem anestesia.

3. Rearticular a base de apoio jurídico.

Encontrar um bom articulador com o meio jurídico, para consertar os estragos provocados no 
relacionamento com ministros e desembargadores pela desatenção com a liturgia do cargo.
Alguns exemplos recentes (para quem conhece hábitos e costumes do Judiciário): Dilma recebe 
pessoalmente a Ministra Carmen Lúcia, mas o presidente do STF Ricardo Lewandowski só é 
recebido por seus Ministros; na discussão dos vetos ao Código de Processo Civil, em vez de ouvir 
Lewandowski, o Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo reportou-se a Luiz Fux.
Há uma linha de ministros e desembargadores teoricamente simpáticos às propostas do governo. Não 
pergunte sua opinião sobre o Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e o Ministro da Casa Civil 
Aloizio Mercadante. A resposta não será animadora.

4. Rearticular a base de apoio industrial.

Encontrar um articular para recompor a aliança com a indústria e os sindicatos, especialmente com a 
indústria paulista.
No primeiro mandato, Dilma aprovou uma série de medidas de apoio à indústria. Nem assim logrou 
apoio dos industriais devido ao seu estilo de pouco ouvir. Agora todas as benesses estão sendo 
retiradas, a grita será maior ainda.
Há condições de explicitar uma estratégia clara de política industrial, ainda mais com o câmbio mais 
competitivo. Mas estão a caminho ondas de desemprego.
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Se conseguir encontrar todos esses articuladores e ouvi-los, Dilma conseguirá enxergar a luz no 
centro do tornado.
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