segunda-feira, 30 de março de 2015

É grave a crise na Globo: desastre de audiência muda Babilônia e ameaça o Fantástico



Por: Fernando Brito

Do site especializado em audiência de televisão, o TV Foco, nesta madrugada:
“De acordo com dados preliminares, o “Domingo Espetacular” obteve 11,6 pontos de média com 17,2 pontos de pico e 18% de participação. Durante o horário de exibição do jornalístico, a Globo liderou com 18,6 pontos de média. O SBT ficou em terceiro lugar com 10,2 pontos e a Band em quarto com 3,6 pontos de média”.
Some isso com o desastre que é o início da novela Babilônia em matéria de audiência – passando agora por uma “ajuste fiscal” onde se aposta em Camila Pitanga como Joaquim Levy - e a queda contínua do Jornal Nacional, e verá como é grave a crise.
Aliás, já era, porque muita gente acha que está havendo uma “adequação” dos números, com a iminente queda do monopólio do Ibope na medição de audiência da televisão.
E audiência (e a sua medição) é o que move a noção de “liberdade de imprensa” de nossa mídia empresarial, porque se quer elevá-la a único critério publicitário.
Porque isso determina quem vive e quem morre no mercado de comunicação, e quem a mede tenta impor seu poder ditatorial.
“(…)Há todo um processo de transformação de tecnologias, de ofertas e de mudança no consumidor. Isso está exigindo mais. Tanto que no momento em que digo “abaixo a ditadura do CPM [sigla para Custo Por Mil, o padrão para cálculo do valor das veiculações]” muitos vão me crucificar. Outro ponto: não podemos nos perguntar se o mídia não tem um papel social? Será que não estamos enterrando uma série de programas ou revistas com valores e índices qualitativos muito legais, que têm custos de produção, mas não têm volume de escala para gerar custo por mil baixo? Ao esperar que todos tenham um CPM baixo, não se está nivelando por baixo e estimulando a mediocridade? Mas onde estão as ferramentas para medição da qualidade? Não pode ser só um indicador, um conceito pessoal de qualidade que cada um tem. Não avançaremos se não reconhecermos que, por um lado, o CPM não responde a tudo e que por outro temos de admitir a necessidade de outra coisa para balizar o debate”.
Quem escreveu isso não foi um “blogueiro sujo” atrás de uma distribuição “política” das verbas de publicidade. É um ex-dirigente de uma imensa multinacional, a Unilever, o senhor Orlando Lopes, quando se tornou presidente da Associação Brasileira de (empresas) Anunciantes, há mais de dez anos, embora eu não saiba se continua pensando o mesmo agora, que é diretor do Ibope.
E esta mesma ditadura se repete aqui, na internet, onde o maior veiculador de anúncios é o Google que faz ele próprio suas medições, o que define o pagamento variável (quantos acessos tem o site, quantos navegantes clicam nos links exibidos, etc), e que só enfrenta oposição para valer na Europa.
A ligação mecânica – claro que ela existe, mas não pode ser a única – entre publicidade e fórmulas de comunicação cada vez mais primárias e apelativas está contribuindo para uma desqualificação imensa do jornalismo e da polêmica social que se trava nos meios de comunicação.
E ajudando a manipulação política que se faz com o sensacionalismo cada vez mais presente na mídia.
De qualquer maneira, embora a questão específica nada tenha a ver com política, que um programa apresentado por um jornalista apontado como “blogueiro sujo” esteja balançando a coluna dominical da torre de Babel da Globo.
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