sábado, 7 de fevereiro de 2015

GILMAR MENDES CAI NO GRAMPO DA POLÍCIA FEDERAL...ZÉ RUELA CARDOZO TAMBÉM !!


Gravação registra diálogo entre o ministro do Supremo Tribunal Federal e o ex-governador de 
Mato Grosso, Silval Barbosa, do PMDB, que havia sido implicado na Operação Ararath, da 
Polícia Federal; Barbosa chegou a ser detido pela Polícia Federal porque tinha porte de arma 
vencido; "E é com isso que fizeram a busca e apreensão aqui em casa", disse o então 
governador; "Que absurdo! Eu vou lá. Depois, se for o caso, a gente conversa", disse Gilmar, 
que prometeu procurar o ministro Dias Toffoli, que havia autorizado a batida policial; assim 
como o ministro do STF, outro que caiu no grampo da PF foi o próprio ministro José Eduardo 
Cardozo, que também ligou para Silval Barbosa.

247 - Uma reportagem do jornalista Filipe Coutinho, da revista Época (leiaaqui a íntegra), revela que o 
ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, telefonou para o ex-governador Silval 
Barbosa, de Mato Grosso, quando este era investigado pelo próprio STF e também alvo de mandatos 
de busca e apreensão em sua residência. Eis um trecho do diálogo:

Silval Barbosa: E é com isso que fizeram a busca e apreensão aqui em casa.
Gilmar Mendes: Meu Deus do céu!
Silval Barbosa: É!
Gilmar Mendes: Que absurdo! Eu vou lá. Depois, se for o caso, a gente conversa.
Silval Barbosa: Tá bom, então, ministro. Obrigado pela atenção!
Gilmar Mendes: Um abraço aí de solidariedade!
Silval Barbosa: Tá, obrigado, ministro! Tchau!


Leia, abaixo, um trecho da reportagem de Filipe Coutinho:

Em 15 de maio do ano passado, o Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria-­Geral da 
República, autorizou a Polícia Federal a vasculhar a residência do então governador de Mato Grosso, 
Silval Barbosa, do PMDB, à cata de provas sobre a participação dele num esquema de corrupção.
Cinco dias depois, uma equipe da PF amanheceu no duplex do governador, em Cuiabá. Na batida, os 
policiais acabaram descobrindo que Silval Barbosa guardava uma pistola 380, três carregadores e 53 
munições. Como o registro da arma vencera havia quatro anos, a PF prendeu o governador em 
flagrante. Horas mais tarde, Silval Barbosa pagou fiança de R$ 100 mil e saiu da prisão.
Naquele momento, o caso já estava no noticiário. Às 17h15, o governador recebeu um telefonema de 
Brasília. Vinha do mesmo Supremo que autorizara a operação.

“Governador Silval Barbosa? O ministro Gilmar Mendes gostaria de falar com o senhor, posso 
transferi-lo?”, diz um rapaz, ligando diretamente do gabinete do ministro. “Positivo”, diz o 
governador.
Ouve-se a tradicional e irritante musiquinha de elevador. “Ilustre ministro”, diz Silval Barbosa. Gilmar 
Mendes, que nasceu em Mato Grosso, parece surpreso com a situação de Silval Barbosa: 
“Governador, que confusão é essa?”.
Começavam ali dois minutos de um telefonema classificado pela PF como “relevante” às 
investigações. 
O diálogo foi interceptado com autorização do próprio Supremo – era o telefone do governador que 
estava sob vigilância da polícia. Na conversa, Silval Barbosa explica as circunstâncias da prisão. “Que 
loucura!”, diz Gilmar Mendes, duas vezes, ao governador (leia ao lado um trecho da transcrição da 
conversa). Silval Barbosa narra vagamente as acusações de corrupção que pesam contra ele. Gilmar 
Mendes diz a Silval Barbosa que conversará com o ministro Dias Toffoli, relator do caso. Fora Toffoli 
quem, dias antes, autorizara a batida na casa do governador. Segue-se o seguinte diálogo:

Silval Barbosa: E é com isso que fizeram a busca e apreensão aqui em casa.
Gilmar Mendes: Meu Deus do céu!
Silval Barbosa: É!
Gilmar Mendes: Que absurdo! Eu vou lá. Depois, se for o caso, a gente conversa.
Silval Barbosa: Tá bom, então, ministro. Obrigado pela atenção!
Gilmar Mendes: Um abraço aí de solidariedade!
Silval Barbosa: Tá, obrigado, ministro! Tchau!


Meia hora após o telefonema de Gilmar Mendes, foi a vez de o ministro da Justiça, José Eduardo 
Cardozo, ligar para Silval Barbosa. Isso mesmo: o chefe da PF foi interceptado... num grampo da PF. 
A secretária avisa: “Governador, é o ministro da Justiça”. Curiosamente, a conversa começa quase 
idêntica à anterior. “Que confusão, hein, governador?”, diz Cardozo. Silval Barbosa repete o que 
dissera a Gilmar Mendes sobre as acusações de corrupção. “Barbaridade!”, diz Cardozo. Silval 
Barbosa diz ao ministro que tinha uma arma com registro vencido. Cardozo responde: “Muita gente 
não sabe disso, viu, Silval?”, diz o ministro sobre as regras de renovação de porte. Cardozo ainda diz 
“que loucura” quando o governador critica o fato de a investigação ser tocada no Supremo, foro do ex-
governador e atual senador Blairo Maggi, um dos investigados, e não no Superior Tribunal de Justiça, 
foro de Silval Barbosa. A conversa prossegue – em determinado momento, Silval Barbosa é chamado 
de “mestre” por Cardozo. “O pessoal da PF se comportou direitinho com você? (…) Eu queria saber 
muito se a PF tinha feito alguma arbitrariedade”, diz Cardozo. “Fizeram o trabalho deles na maior 
educação, tranquilo”, afirma o investigado. “Qualquer coisa me liga, tá, Silval?”, diz o ministro da 
Justiça.

É o inquérito relatado por Dias Toffoli. É lá que se encontram os áudios transcritos nestas páginas 
(ouça em epoca.com.br) – e as provas do caso. O inquérito foi batizado com o nome de Operação 
Ararath – uma referência bíblica ao monte da história de Noé, na qual só os policiais parecem 
encontrar sentido. Iniciada em 2013, a investigação da PF e do Ministério Público Federal desmontara 
um esquema de lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e corrupção política no topo 
do governo de Mato Grosso. 
O caso subiu ao Supremo quando um dos principais operadores da quadrilha topou uma delação 
premiada. Entregou o governador e seus aliados, assim como comprovantes bancários. No dia em que 
Silval Barbosa foi preso, a PF também fez batidas em outros locais. Apreendeu documentos que viriam 
a reforçar as evidências já obtidas.
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